Conquistar o título nacional, a glória da Libertadores, alcançar a final do Mundial de Clubes e comandar uma seleção. Os técnicos do Flamengo e do Vasco – que se enfrentam hoje, às 16h, no Maracanã, em um clássico válido pela 28ª rodada do Brasileirão – Ramón Díaz e Tite têm em seus currículos importantes troféus e excelentes trabalhos. Além disso, superaram a cruel barreira do tempo em suas extensas carreiras e agora são encarados como “salvadores” de seus respectivos times em momentos de crises distintas.
O Flamengo e o Vasco apostaram nos experientes profissionais de 62 e 64 anos, respectivamente, com o mesmo objetivo: fortalecer seus elencos abalados pela perda de seis títulos em um ano ou por um primeiro turno desastroso, que indicava o risco de um novo rebaixamento.
As características também se assemelham: ambos buscam transmitir confiança, motivação, tranquilidade e estabilidade para suas equipes, tanto nos bastidores quanto em seus discursos públicos, que costumam ser serenos na maioria das vezes. “O Vasco não vai cair”, afirmou Ramón Díaz em setembro. “Vamos encarar jogo a jogo. Ser feliz sem medo de ser feliz”, analisou Tite após sua estreia com vitória sobre o Cruzeiro, na última quinta-feira.
Outra semelhança está na escolha de seus auxiliares, sendo que ambos têm seus filhos, Matheus Bachi e Emiliano Díaz, respectivamente, como membros de suas comissões técnicas, proporcionando um contato próximo com os jogadores.
Diferenças de abordagem
A principal inspiração de Tite é o renomado técnico italiano Carlo Ancelotti. O treinador rubro-negro valoriza o equilíbrio tático de suas equipes e a relação honesta e humana com seus comandados. No Flamengo, ele ignorou polêmicas anteriores e funcionou imediatamente como um escudo para o elenco e a diretoria.
A vitória contribuiu para aumentar a boa impressão sobre ele e testará sua capacidade de manter a regularidade, algo que já demonstrou ao comandar a seleção brasileira. Hoje, o Flamengo provavelmente contará com Arrascaeta substituindo Everton Ribeiro no meio de campo.
Por outro lado, Ramón alterna entre a tranquilidade em seu discurso e um temperamento vibrante à beira do campo, transmitindo esse espírito e suas ideias de jogo para a equipe. Desde sua chegada ao Vasco, ele esteve pessoalmente envolvido na reorganização do projeto de futebol e nas negociações.
“Ele me deixou mais seguro e feliz em ser parte da equipe e trabalhar com ele”, explicou Praxedes, que hoje se tornou uma peça importante no meio de campo intenso do Vasco e é uma das principais armas para o clássico, juntamente com o retorno de Paulinho, após cumprir suspensão.
Tite tem uma lembrança marcante de um confronto com o Vasco durante sua época como jogador no Guarani. Em 1986, ele marcou o único gol da partida, de cabeça, pelo Campeonato Brasileiro, que também foi seu último gol antes de se aposentar precocemente, aos 28 anos.
Já Ramón reencontra o Flamengo depois de eliminá-lo na semifinal do Mundial de Clubes, no início deste ano, quando comandava o Al Hilal.
Em contraste com Tite, que retorna ao cenário dos clubes brasileiros após uma passagem de sucesso pela seleção, o argentino, ex-técnico do Paraguai, está tendo sua primeira experiência no Brasil depois de sete anos se dedicando principalmente ao futebol asiático. Esta é uma oportunidade para ele voltar aos grandes palcos sul-americanos, após obter muito sucesso até o início da década passada.
Fonte: Extra