Globo e Libra formalizam acordo para exibição do Brasileirão
Após um longo período de um ano e meio na mesa de negociações, os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro foram vendidos para o ciclo entre 2025 e 2029. Ao invés de contar com uma entidade única representando todos os clubes, como uma liga, ou acordos individuais, pela primeira vez a negociação foi dividida em dois grupos: Libra e Liga Forte União (LFU). No duelo pela maior arrecadação, resultou em um “empate”.
A Libra seguiu uma estratégia conservadora ao fechar um contrato inteiramente com a Globo, o que aconteceu de forma mais ágil, em março de 2024. O grupo negociou seus direitos por R$ 1,3 bilhão, além de 40% da receita líquida que a emissora gerar com seu serviço de pay-per-view, o Premiere. Essa quantia foi posteriormente diminuída em R$ 130 milhões devido à saída do Corinthians para a LFU, resultando em um montante fixo de R$ 1,17 bilhão.
- Capelo: Quem lucrou e quem perdeu nos direitos de transmissão do Brasileirão
Os clubes da Libra (14): Atlético-MG, Bahia, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, São Paulo, Santos, Vitória; Paysandu, Remo; ABC, Guarani; Sampaio Corrêa.
Os clubes da LFU (33): Botafogo, Corinthians, Ceará, Cruzeiro, Fluminense, Fortaleza, Internacional, Juventude, Mirassol, Sport, Vasco; Atlético-GO; Athletico-PR, Amazonas, América-MG, Avaí, Botafogo-SP, Chapecoense, Coritiba, Criciúma, Cuiabá, CRB, Goiás, Novorizontino, Operário-PR, Vila Nova; CSA, Figueirense, Ituano, Londrina, Náutico, Ponte Preta, Tombense.
Administração da então Liga Forte Futebol, que se transformou na LFU — Foto: Divulgação
Por outro lado, a LFU adotou uma abordagem mais ousada, dividindo seus direitos entre diversas empresas de mídia, o que levou mais tempo para concretizar a venda. Somente na última terça-feira, em assembleia, seus líderes aprovaram a venda do último pacote de jogos para a Globo. Amazon, Record e YouTube já tinham garantido outras fatias.
Os pontos mais importantes do contrato da LFU incluem:
- A Globo pagará R$ 850 milhões fixos para transmitir cinco jogos por rodada de 12 clubes, com ajustes de R$ 100 milhões para cada adicional ou redução de membros da LFU na Série A. haverá um bônus de 10% da receita bruta do Premiere em 2025 e de 5% entre 2026 e 2029;
- A Amazon vai desembolsar R$ 265 milhões no primeiro ano de contrato para transmitir uma partida de forma exclusiva no streaming, com reajuste de 10% anualmente, totalizando uma média de R$ 324 milhões ao longo dos cinco anos;
- A Record investirá R$ 200 milhões para exibir um jogo na televisão aberta, que também será transmitido pela CazéTV no YouTube, que repassará R$ 175 milhões. Essa partida também será dividida com a Globo via Premiere.
A LFU também fechou contratos de patrocínio para suas transmissões, ainda a serem anunciados oficialmente. A Betano vai aportar R$ 87 milhões por ano para mostrar sua marca nas transmissões da Record e YouTube, além de patrocinar a Série B com R$ 40 milhões. Esses direitos de transmissão ainda estão disponíveis para negociação.
A divisão da grana
Como ficará a distribuição dessa grana entre os clubes? Após as deduções de comissões, a Libra deve distribuir em média R$ 151 milhões para cada um de seus clubes, enquanto a LFU terá um repasse médio de R$ 130 milhões.
Os cálculos foram elaborados pelo ge com base nas estimativas feitas pelos dirigentes, levando em conta projeções de receitas, com a contribuição do economista e consultor Cesar Grafietti.
Em 2025Libra (9 clubes)LFU (11 clubes)GloboR$ 1,170 bilhãoR$ 750 milhõesAmazonR$ 265 milhõesRecordR$ 200 milhõesYouTubeR$ 175 milhõesBetanoR$ 87 milhõesRECEITA FIXAR$ 1,170 bilhãoR$ 1,477 bilhão PremiereR$ 500 milhõesR$ 800 milhões% repassado aos clubes40%10% RECEITA VARIÁVELR$ 200 milhõesR$ 80 milhões TOTAL DAS RECEITASR$ 1,37 bilhãoR$ 1,56 bilhão Comissões para intermediários-R$ 16,15 milhõesRepasse para investidores-R$ 114 milhõesRepasse para Série B-R$ 10,3 milhões Valor líquido para Série AR$ 1,359 bilhãoR$ 1,427 bilhãoMédia por clubeR$ 151 milhõesR$ 130 milhões - A arrecadação do Premiere é variável, dependendo do número de assinantes. A diferença mais significativa entre os blocos é que, enquanto a LFU receberá 10% da receita bruta do pay-per-view, a Libra terá 40% da receita líquida, já descontados os impostos. As projeções de R$ 800 milhões brutos e R$ 500 milhões líquidos foram sugeridas, inclusive pelo Flamengo, em seu orçamento para 2025;
- A LFU foi representada nas negociações de direitos por três empresas: Livemode, Alvarez & Marsal e XP Investimentos, com comissões somando R$ 16 milhões por ano;
- Os clubes da Série A da LFU decidiram vender 10% de suas receitas futuras com a transmissão do Brasileirão para investidores por um período de 50 anos, com todos os membros aderindo, exceto o Corinthians, que ficou de fora no início, mas entrou depois. O repasse será feito anualmente.
Os valores médios foram calculados para comparar os resultados dos dois blocos — e a Libra, com R$ 151 milhões, se aproximou bastante da LFU, que fica com R$ 130 milhões. Contudo, os valores que cada clube irá receber podem variar bastante. Enquanto alguns ultrapassam a marca de R$ 200 milhões na temporada, outros devem receber cerca de R$ 80 milhões.
A distribuição dependerá das fórmulas de cálculo definidas por cada bloco. A Libra optou pelo modelo 40-30-30, no qual 40% são distribuídos igualmente entre os clubes da divisão, 30% com base na posição na tabela e 30% conforme audiência. Já a LFU adotou o esquema 45-30-25. O que cada clube irá receber vai depender desses critérios.
Gestores da Libra — Foto: Divulgação
Como funciona a Série B
A segunda divisão terá tratamentos distintos de cada bloco. Na Libra, 3% do contrato da Série A será destinado à Série B anualmente, resultando em um total de R$ 41 milhões, levando em conta a receita fixa e também a variável.
Importante mencionar que a Libra não conta com muitos membros na segunda divisão atualmente. Na época em que o bloco firmou seu acordo, havia oito de seus membros classificados, o que significaria R$ 12,5% para cada um. A maioria dos clubes de São Paulo deixou a Libra e passou para a LFU. Hoje, apenas Paysandu e Remo permanecem na Série B.
Dessa forma, os clubes do Norte devem receber aproximadamente R$ 5,1 milhões cada, e os outros não precisarão repassar essa quantia.
Na LFU, suas regras estabelecem que a Série B deve ter uma receita mínima relacionada ao faturamento total do bloco, sem contabilizar o Corinthians nas contas. O valor-base é de R$ 260 milhões por ano, mas o mínimo efetivo para 2025 deve ser menor, já que o bloco não atingiu a marca de R$ 1,6 bilhão em direitos, sem o Corinthians.
Entretanto, a previsão interna da LFU é que a Série A não deverá fazer repasses para a Série B nesta temporada. Isso se deve ao patrocínio de R$ 40 milhões da Betano, à venda das placas publicitárias em campo, que garantiu mais R$ 60 milhões, e à negociação dos direitos de transmissão da Série B, que precisa gerar cerca de R$ 120 milhões para evitar a necessidade de repasses.
Fonte: ge
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