O ESPN.com.br teve acesso a integrantes do círculo próximo do presidente Ednaldo Rodrigues e interlocutores dos principais setores da CBF para compreender os bastidores políticos por trás da decisão de manter a situação em aberto até o Conselho Técnico agendado para o dia 27 deste mês.
É válido ressaltar que a CBF é totalmente contrária à paralisação de suas competições.
Oficialmente, o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, reitera que irá ouvir a posição dos clubes e que respeitará a decisão deles. Porém, nos bastidores, levando em consideração questões de calendário e interesses de parceiros comerciais, a cúpula da confederação trabalha para impedir o adiamento das partidas.
Diante da maioria formada pelos clubes da Série A, Ednaldo e seus apoiadores buscam apoio junto às equipes das séries B, C e D para que essas divisões não sigam o mesmo caminho. O presidente também salienta a interlocutores que considera inviável paralisar apenas uma categoria do campeonato.
Caso não haja consenso nas divisões inferiores, a CBF tentará manter a Série A em andamento, mesmo diante da maioria já estabelecida. Importante ressaltar que demandas anteriores, como a solicitação de paralisação do Brasileirão durante as datas FIFA, foram rejeitadas mesmo com a maioria dos clubes apoiando a medida.
Entre os argumentos que embasam a posição de não interromper os campeonatos, a CBF alerta às equipes que um adiamento geral dos jogos após o final de maio causaria impactos no calendário. As datas FIFA de setembro, outubro e novembro seriam utilizadas para jogos do Brasileiro, e qualquer imprevisto adicional faria com que o torneio se estendesse para além do prazo estabelecido, prejudicando períodos de descanso e outros compromissos.
Consciente do tempo necessário para uma articulação desse porte, Ednaldo e sua equipe adiaram a reunião do Conselho Técnico para o dia 27 de maio, apesar da urgência do tema. Além disso, o dirigente estará fora do Brasil até o próximo dia 18, representando o país, junto a uma comitiva de quase 20 pessoas, no Congresso Técnico da Fifa que deve confirmar a realização da Copa do Mundo Feminina de 2027 em território brasileiro.
Com uma gestão caracterizada pelo estilo centralizador de seu presidente, nenhuma decisão que demande ampla discussão será tomada na ausência física de Ednaldo.
Outro ponto em que Ednaldo baseia sua posição é a insegurança jurídica de uma paralisação repentina do Brasileirão. Na avaliação da equipe de advogados que assessora a diretoria da CBF, adiar os jogos sem o consentimento de todos os clubes poderia abrir margem para uma série de ações judiciais questionando a determinação. A falta de unanimidade também joga a favor do tempo necessário para adiar uma decisão definitiva.
Mesmo diante da oposição de parte dos principais clubes do país, da opinião pública e do Ministério do Esporte em relação à continuidade do campeonato, Ednaldo ainda se ampara na presença significativa de times das divisões inferiores ao seu lado e nos interesses comerciais para manter a posição da CBF e ressaltar que a entidade seria derrotada em uma votação pela paralisação.
Apesar de o cenário político ser “dinâmico”, conforme aliados do presidente destacam, a decisão atual indica que não haverá mudanças nas tabelas das competições da CBF antes do dia 27 de maio.
Fonte: ESPN