A chegada de Alexandre Mattos ao Rio de Janeiro para integrar o time do Vasco aconteceu em 12 de dezembro de 2023. Desde então, transcorreram 100 dias, marcados por contratações, declarações polêmicas e atritos com 777 Partners, equipe técnica e elenco.
Ao totalizar, foram investidos R$ 120 milhões em nove aquisições. A mais relevante e badalada foi a primeira: João Victor, zagueiro então vinculado ao Benfica, por 6 milhões de euros (R$ 32 milhões), com a possibilidade de alcançar 8 milhões de euros, em conformidade com condições estabelecidas em contrato.
Valores despendidos na era Mattos no Vasco
Nomes | Montantes divulgados (em milhões de R$) | Formato de aquisição |
João Victor | 32 | Permanente |
Adson | 26,7 | Permanente |
Juan Sforza | 24,8 | Permanente |
Clayton Silva | 18,8 | Permanente |
Lucas Piton | 5,3 | Direitos econômicos |
Paulo Henrique | 4,8 | Permanente |
Robert Rojas | 3,2 | Empréstimo |
Mateus Cocão | 2 | Permanente |
Galdames | 1,3 | Permanente |
Praxedes | 1,3 | Renovação de empréstimo |
David | – | Empréstimo |
Keiller | – | Empréstimo |
Victor Luis | – | Gratuita |
Orçamento inicial foi ampliado diversas vezes
Tanto a equipe técnica quanto a 777 Partners concordaram com a necessidade de um zagueiro titular, nos moldes de João Victor – alto, veloz e com habilidade na saída de bola. O montante envolvido na contratação gerou expectativas entre os torcedores por outras aquisições no mesmo patamar, mas comprometeu quase metade do orçamento planejado.
O próximo alvo no mercado seria um volante. Ramón e Emiliano Díaz pleitearam a contratação de Cuéllar, enquanto o diretor esportivo preferia fechar com Sforza. A 777 aprovou ambos os nomes, mas era necessário optar por um ou outro.
Mattos havia concordado com o Newell’s Old Boys por Sforza, porém, no decorrer das negociações para a contratação do volante, surgiu uma nova prioridade: a ala direita. Com a transferência de Gabriel Pec para o Los Angeles Galaxy, o foco voltou-se a Adson, contratado por 5 milhões de euros para substituir o jogador revelado no Vasco.
Dessa forma, o montante inicialmente previsto foi praticamente todo utilizado, o que inicialmente inviabilizou a aquisição de Sforza, acarretando em atraso para finalizar o acordo com o Newell’s Old Boys. Mattos e Lúcio Barbosa iniciaram discussões com a 777 Partners sobre aumentos adicionais no orçamento destinado a contratações para atender às demandas.
Em meio à indefinição sobre Sforza, Ramón e Emiliano retomaram a possibilidade de contratação de Cuellar. Mais econômica em termos de aquisição de direitos, apesar do salário mais elevado, o nome foi aprovado pela 777, porém a transferência do colombiano para o Vasco não se concretizou, pois o Al-Shabab, da Arábia Saudita, não autorizou a saída do jogador.
Uma nova venda acelerou outra contratação, a de Marlon Gomes. Com os recursos arrecadados, Mattos retomou as negociações por Sforza e concluiu o acordo em poucos dias com o Newell’s Old Boys.

E mais contratações?
Com as três principais aquisições em definitivo concluídas – João Victor, Adson e Sforza -, o Vasco já havia movimentado-se na janela para reforçar o elenco, com a inclusão do goleiro Keiller, dos defensores Rojas e Victor Luís e do atacante David. Galdames, sugerido pela 777, também foi contratado.
No entanto, a equipe técnica, Ramón, Emiliano e os jogadores continuaram manifestando a necessidade de novas contratações. Após as lesões de Paulinho e Jair, dois atletas fundamentais da equipe, Alexandre Mattos concedeu uma entrevista coletiva mal recebida dentro da entidade norte-americana que gerencia o futebol do Vasco.
Neste contexto, o diretor mencionou demoras no processo, cita vetos da 777 e demonstrou interesse em ser mais ativo no mercado.
Caso André Silva e última aquisição
Diantes da pressão por reforços oriunda de Emiliano e Ramón Díaz após quase todos os jogos, o orçamento foi modificado novamente – desta vez para viabilizar a chegada de um atacante. O assistente técnico, ainda no final de janeiro, recomendou André Silva ao departamento de futebol.
O ge apurou no final de fevereiro que, após a sugestão, Alexandre Mattos buscou dois jogadores com características similares às de André Silva – Breno Lopes e Pedro Henrique. A busca era por um atacante veloz, apto a jogar nas pontas e no centro. Ambos os nomes foram vetados pela 777 Partners devido aos valores envolvidos.

Sem a contratação de um atacante, Emiliano voltou a indagar internamente as razões pelas quais o Vasco ainda não tinha ido atrás de André Silva, atleta do Vitória de Guimarães. Quase um mês depois, a proposta foi submetida à 777, que aprovou o investimento próximo de 4 milhões de euros no jogador.
Outra versão, vinculada ao departamento de futebol, menciona que o primeiro contato visava o empréstimo de André Silva, já que inicialmente não havia orçamento disponível. A negociação estendeu-se cerca de 10 dias, porém o Vitória de Guimarães não aceitou. O perfil do jogador foi prontamente aceito pela 777, contudo a mudança na negociação para aquisição envolveu liberação de recursos, demandando mais tempo.
O desfecho da negociação foi afetado pela preferência do jogador pelo São Paulo. Assim, o Vasco buscou no mercado um atacante com perfil semelhante e finalizou a contratação de Clayton Silva, do Casa Pia, de Portugal – por valores próximos aos envolvidos em André Silva.
Clayton foi a última aquisição de Alexandre Mattos no Vasco, três dias antes do encerramento da janela de transferências no Brasil.
“Espero que possam trazer”
Mesmo com a chegada de Sforza, teoricamente para atuar como primeiro volante, e o encerramento da janela, a equipe técnica continuou solicitando reforços para o setor. Ramón Díaz, após a eliminação do Vasco no Carioca, revelou que já havia indicado um volante à direção.
“Solicitamos ao clube um volante. Acredito que em breve poderemos tê-lo. Já conversamos com o clube. Existe o jogador que desejo. E veremos o que podem fazer”, declarou o treinador após a derrota para o Nova Iguaçu por 1 a 0, no último domingo, no Maracanã.
Marlon Freitas, do Botafogo, está entre os nomes sugeridos pela equipe técnica. Contudo, Alexandre Mattos considerava a negociação improvável, pois via o jogador como peça importante no elenco do rival. John Textor, proprietário da SAF alvinegra, também já havia descartado a liberação do meio-campista.
Fonte: ge