A Libra é formada por Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Grêmio, Vitória e Bahia, dentre os times da Série A.
A Liga Forte Futebol conta com Fluminense, Internacional, Athletico-PR, Fortaleza, Cuiabá, Juventude, Criciúma, Atlético-GO, além de Cruzeiro, Vasco e Botafogo.
As estratégias adotadas por ambas as partes e a situação dos meios de comunicação sugerem que a disparidade entre as receitas provenientes da TV dos clubes da Libra em comparação à LFF pode aumentar. As negociações em torno da criação de uma Liga do Brasileiro foram iniciadas com o intuito de reduzir essa diferença nos ganhos.
Os clubes da Libra já receberam uma proposta oficial da Globo no valor de R$ 1,3 bilhão pelos direitos de TV aberta e fechada. Esse montante pode aumentar com a inclusão de variáveis relacionadas ao pay-per-view, fornecendo-lhes 50% da arrecadação. Estima-se que o negócio possa gerar até R$ 1,5 bilhão.
Essa quantia seria integralmente destinada aos nove clubes da Série A e distribuída conforme os critérios da Libra, que incluem uma divisão com percentuais de 40% igualitário, 30% relacionado ao desempenho e 30% referente à audiência. A expectativa é que todos os clubes obtenham pelo menos o mesmo valor que em 2024 ou até mesmo um aumento em suas receitas provenientes da TV.
A Globo já deixou claro que não vai oferecer um valor equivalente à Liga Forte Futebol, ao recusar pagar R$ 1,4 bilhão pelos seus direitos. A emissora está interessada no Brasileirão como um todo, desde que esteja dentro de suas possibilidades financeiras.
Por isso, a LFF optou por dividir os direitos de transmissão de forma semelhante ao que é feito no Campeonato Paulista. Entre as emissoras de TV aberta, SBT e Record já adquiriram direitos da Libertadores e do Campeonato Paulista, porém, em ambos os casos, os valores pagos foram inferiores aos oferecidos anteriormente pela Globo. Ambas as empresas possuem menor capacidade de criação de ações publicitárias no cenário do futebol.
No que diz respeito às emissoras de TV fechada, houve negociações com a Libra e a LFF, mas as emissoras recuaram quando foi solicitado um valor mais elevado. A ESPN está agindo com cautela, a Warner entrou e saiu recentemente de um grande pacote de jogos do Brasileirão e atualmente transmite apenas partidas do Athletico-PR.
O YouTube não está realizando grandes investimentos no mercado brasileiro. Além disso, canais de streaming como Caze TV ou Goat geram receitas comerciais, porém, o mercado tem dúvidas sobre a capacidade dessas plataformas de bancar competições caras com recursos próprios.
De forma geral, executivos de mídia e especialistas em finanças consultados pelo blog apontam que o mercado de direitos de TV está estagnado, devido às dificuldades da transição do modelo de TV aberta/fechada para o streaming. Na Europa, não houve crescimento das receitas televisivas nas principais ligas nos últimos anos, após um período de explosão anterior.
Em resumo, a Liga Forte Futebol terá dificuldades para obter receitas equivalentes a R$ 1,3/1,4 bilhão. Tanto que a Live Mode, empresa que representa a LFF, fez várias propostas à Libra visando a um acordo conjunto de negociação dos direitos de TV. Chegou a oferecer um valor mínimo garantido semelhante ao oferecido pela Globo aos clubes da Libra, algo que anteriormente era recusado.
A principal vantagem da Liga Forte Futebol é possuir, atualmente, o maior número de jogos do Brasileirão, com 11 clubes. No entanto, seus jogos têm um valor de mercado menor em comparação aos da Libra, que incluem 27 partidas de cada uma das quatro principais torcidas do país, incluindo os clássicos.
Além disso, qualquer receita proveniente dos direitos de TV, os clubes da LFF terão um desconto de 20% destinado a investidores, como Carlos Gamboa e o fundo General Atlantic. Ou seja, se a receita for menor, ainda haverá um desconto.
Fonte: Coluna Rodrigo Mattos – UOL