Descubra possíveis motivos para o avanço estratégico do Vasco

Os quatro tentos no triunfo do Vasco por 4 a 0 diante da Portuguesa, no último embate da Taça Guanabara, podem não surpreender ao serem vistos apenas como dados frios, considerando a discrepância técnica e financeira entre as duas agremiações. No entanto, as jogadas que culminaram nos quatro gols, somadas às boas atuações da equipe cruz-maltina ao longo do confronto, evidenciam: há uma equipe altamente competitiva se desenvolvendo.

Ao final da última edição do Brasileirão, com a árdua tarefa de escapar do rebaixamento, grande parte dos méritos, além do elenco, é atribuída ao trabalho do atual corpo técnico. Desde a chegada de Ramón Díaz e Emiliano — filho, assistente e quase um segundo treinador atualmente —, o Vasco se transformou em um adversário de difícil enfrentamento.

Em meio aos últimos 20 confrontos, englobando Brasileirão, Copa do Brasil e Carioca, a equipe vascaína foi derrotada apenas em três ocasiões. Em 2024, sofreu revés somente uma vez, contra o Nova Iguaçu, oponente da próxima partida marcada para domingo, na semifinal do estadual. Nos clássicos, o desempenho também é positivo: três triunfos, dois empates e apenas um revés sob a liderança de Díaz diante dos principais rivais cariocas.

O progresso acontece em duas frentes: tática e gestão de elenco. Atualmente, o Vasco pratica um estilo de jogo moderno, pautado por uma identidade bem delineada. Contra a Portuguesa, ostentou essa característica, com uma proposta de associação e movimentação constantes, além de um ímpeto por retomadas de bola mais ágeis.

As laterais, que desempenharam papel crucial no apoio aos atacantes em 2023, tornaram-se o epicentro da criação do jogo vascaíno. É nessas áreas que nascem as jogadas e os passes finais. Os meias mais avançados, como Payet e Galdames, encontram nessas regiões opções para a construção das jogadas, podendo retomar a bola ou avançar em direção ao gol, enquanto Lucas Piton — jogador de linha com mais minutos em campo em 2024 — distribui seus precisos cruzamentos ou Paulo Henrique desbrava a linha de fundo pela direita com vigor, velocidade e verticalidade. Essa estrutura é respaldada pelos três defensores, que elevaram a qualidade e a segurança na saída de bola.

Quando a agressividade pelos flancos não surte efeito, os meias são acionados, aproveitando espaços muitas vezes proporcionados pelas movimentações de Vegetti, David e até Adson no setor ofensivo. Recentemente, o clube encaminhou a contratação de mais uma peça para o setor: o centroavante Clayton, do Casa Pia-POR.

Vegetti, que iniciou o ano em jejum, atualmente é o líder em participações em gols na temporada. Contra a Portuguesa, o centroavante demonstrou até mesmo uma faceta criativa, com passes e inversões de jogo muito perigosas na etapa final do campo.

Quando as opções anteriores não funcionam, lá está o talento de Payet, segundo em participações. Sua capacidade de driblar e visão de jogo acima da média representam diferenciais que o francês agregou a São Januário. São raras as jogadas que não passam pelos seus pés e não resultam em soluções diferenciadas.

Inesperado

No final do ano passado, quando o Vasco evidenciava sinais claros de fadiga física, também atravessou um período de previsibilidade, em parte devido ao elenco reduzido. Contudo, em 2024, o banco de reservas ganhou opções mais abrangentes e características distintas entre os jogadores. Isso possibilita a Ramón e Emiliano, que costumam escalar de acordo com o adversário, realizar mudanças rápidas em situações ineficientes.

No confronto contra o Marcílio Dias, pela Copa do Brasil, a comissão técnica corrigiu prontamente a fragilidade apresentada pela equipe no meio-campo. Inicialmente, com Medel, e posteriormente com Sforza e Mateus Cocão. Na mesma partida contra o Marcílio, por exemplo, o zagueiro João Victor, a contratação mais cara da temporada, começou no banco de reservas.

O avanço do Vasco também é fruto de melhorias nos bastidores. O aprimoramento físico de Payet entre as duas temporadas era essencial para uma equipe que busca impor-se fisicamente, sendo um reflexo da boa relação da comissão técnica com o atleta francês. A objetividade e proximidade — especialmente com Emiliano — junto aos jogadores facilitam os ajustes necessários.

Por outro lado, o elenco abraçou as ideias da comissão técnica. Existe espaço para críticas mais incisivas e um espírito de luta intenso nos momentos decisivos no vestiário, sobretudo em grandes jogos. As substituições são compreendidas. Todos desejam atuar, porém compreendem que terão suas oportunidades e podem ser chamados conforme as necessidades da partida. O desafio principal de Ramón e Emiliano é transformar todas essas evoluções em uma temporada de êxito. Este desafio continua no próximo domingo.

Fonte: Extra