Nesta quarta-feira, às 19h15, os dois clubes que marcaram a trajetória de Eder Luis iniciam a disputa por uma vaga na final da Copa do Brasil de 2024. O primeiro embate da semifinal acontecerá na Arena MRV. Embora abrigue carinho por ambos os lados, a balança coloca seu coração mais voltado para um deles.
– Por ter me dedicado sete anos ao Vasco, o Atlético que me perdoe, hoje eu torço mais pelo Vasco. Não diminui o apreço que tenho pelo Galo. Mas, se eu pesar, o Atlético teve muitos ídolos depois da minha saída. No Vasco não, eu deixei minha marca com um título que a torcida esperava ansiosamente. Acredito que sou mais ídolo no Vasco, então minha torcida vai para eles – comentou Eder em uma conversa com o ge.
Revelado pelo Atlético-MG, Eder Luis foi campeão da Copa do Brasil com o Vasco — Foto: Infoesporte
Eder Luis brilhou no Atlético-MG ao vencer a Série B em 2006, conquistou o Brasileiro com o São Paulo em 2008, marcou um gol na final da Copa do Brasil de 2011 pelo Vasco e ainda somou títulos como a Taça da Liga e o Campeonato Português com o Benfica.
Eder Luis é agricultor em Uberlândia — Foto: Arquivo Pessoal
Após encerrar sua carreira em 2020, quando jogou pelo Uberlândia no Campeonato Mineiro, o ex-atacante retornou às suas raízes e se tornou agricultor na região do Triângulo Mineiro. Ele intercala seus dias entre a cidade e o campo, onde cultiva soja. Apesar de apreciar a tranquilidade, Eder Luis sente falta da adrenalina de momentos como os que os jogadores do Atlético-MG e do Vasco vão viver nesta noite.
– Apesar da pressão, é uma profissão privilegiada. Eu sinto falta. O Vasco está enfrentando um ano complicado, quem não gostaria de estar participando dessa semifinal agora? Tenho certeza de que os jogadores mal conseguem esperar para entrar em campo e jogar – comentou.
Início marcante em BH
Eder começou sua jornada no futebol nas categorias de base do Comercial-SP aos 14 anos. Depois de se destacar em um clássico local contra o Botafogo de Ribeirão Preto, foi escolhido pelo Galo, que buscava um goleiro, mas levou também o atacante que fez dois gols naquele duelo.
A estreia no profissional ocorreu em 2005, e no ano seguinte Eder Luis se firmou no elenco, ganhando destaque na conquista da Série B. Um momento que pode ser doloroso para o torcedor atleticano relembrar, mas que foi crucial para a ascensão do jogador.
– O Atlético-MG abriu as portas para mim, foi lá que tive a chance de realizar meu sonho. Sou muito grato ao Atlético por ser quem sou hoje. Não dá para esquecer a Série B de 2006, que pode parecer pequena na história do Galo, mas quando eu e muitos jogadores viemos, o clube passava por dificuldades financeiras. Ninguém esperava estar naquela série, mas o Atlético confiou na gente, conseguimos não só subir, mas nos tornamos campeões com autoridade. Para olharmos para o Atlético hoje, temos que lembrar de nosso passado – rememorou.
– Tínhamos uma parada para a Copa do Mundo e não tivemos férias. O time estava mal, o Levir Culpi chegou, e nosso grupo treinou a fundo. Fizemos um trabalho intenso em Atibaia, e naquele período entramos no campeonato. Começamos a vencer, vencer, vencer. Esse foi um momento decisivo que nos levou ao título – finalizou.
Em 157 jogos com a camisa do Atlético-MG, Eder assinou 42 gols. A temporada mais prolífica foi em 2009, com 21 gols em 56 partidas, no ano em que o clube disputou a liderança do Brasileiro. O atleta deixou Belo Horizonte no ano seguinte rumo ao Benfica, retornando depois ao Brasil para defender o Vasco.
Protagonismo no Rio de Janeiro
Após uma passagem breve por Portugal, Eder Luis foi emprestado ao Vasco. Seu destaque no Rio levou o clube carioca a comprá-lo do Benfica. Foram sete anos defendendo a camisa vascaína, com 29 gols em 207 jogos.
– Me sentindo um protagonista, no Vasco a experiência foi totalmente diferente. Estava mais maduro e crescido como jogador. Foi um período incrível, o Vasco não chegava a títulos importantes há anos, e a conquista teve um peso grande, até hoje vejo a torcida vascaína cheia de gratidão. Agora, nessa decisão, fico com a lembrança do que conseguimos – ressaltou Eder, que continuou:
– Começamos aquele ano enfrentando dificuldades, problemas financeiros, o time não se encaixava. O ponto de virada foi com a chegada do Ricardo Gomes, que era o treinador certo para aquele momento. O time estava desestabilizado, e ele nos tranquilizou: “Calma, as coisas vão se ajeitar”. Treinamos bem e vencemos o Comercial-MS por 6 a 1. A partir daí, o time se firmou. Na final, estávamos nos vestiários perdendo de 2 a 1, com a torcida vibrando com o segundo gol do Coritiba, e ele fez a mesma afirmação: “Calma, tudo está sob controle”. E assim nós retomamos o controle da partida. Sua calma nos ajudou muito.
Eder Luis foi campeão da Copa do Brasil com o Vasco em 2011 — Foto: Agência Estado
Lembrado com carinho pela torcida vascaína, Eder Luis retribui essa admiração. Ele acompanha a campanha do time nesta temporada e enxerga semelhanças com a trajetória que trilhou em 2011. Para ele, a diferença em 2024 é que o clube está mais estruturado.
– Todos vão apontar o Atlético como favorito, considerando suas contratações, é um clube mais estabilizado. O Vasco evoluiu com o Pedrinho, que é um profissional sério, respeita o que precisa ser feito, entende bem do futebol, não está ali apenas por ser ídolo. Espero que ele vença esse campeonato para que as coisas fluam melhor. O Vasco tem me surpreendido, pois aprendeu a valorizar até as derrotas, é uma equipe que não se entrega facilmente, vencer do Vasco é complicado. Por isso, não vejo tanto favoritismo do Atlético – destacou Eder.
– O segundo jogo será em casa, então se o Atlético não abrir uma boa vantagem, o retorno vai ser emocionante. São Januário é um caldeirão e, em momentos decisivos, isso é uma grande vantagem. Vivemos dificuldades na Copa do Brasil de 2011, e vejo o Vasco enfrentando desafios semelhantes agora – concluiu o ex-atacante.
Fonte: ge