As contas de 2023, que representam o último ano sob o comando de Jorge Salgado, vista fora da reunião, receberam críticas do Conselho Fiscal. Essa entidade sugeriu, ainda assim, a aprovação das contas de Salgado. Durante o encontro, os conselheiros revisitaram o processo de venda da SAF para a 777 Partners, a empresa norte-americana que assumiu o futebol do clube em 2022, e que agora enfrenta problemas de falência e acusações de fraudes.
O termo de aprovação “com reservas” substitui o costumeiro “com ressalvas” que é frequentemente utilizado nas assembleias do Vasco. O corpo deliberativo do clube acredita que esse tema pode ser tratado juridicamente e pode servir para futuras responsabilizações dos gestores na administração de Jorge Salgado.
O ge teve acesso, de forma exclusiva, ao documento da análise do Conselho Fiscal das contas do Vasco de 2023. Abaixo, na conclusão do relatório, o órgão critica de forma incisiva a realidade do clube, que está “muito distante da projetada e divulgada” pela gestão de Jorge Salgado em 2022.
“Pelo que foi comunicado na carta da Administração anterior na divulgação do Balanço de 2022 em abril de 2023, as expectativas para 2023 eram extremamente otimistas e, em qualquer cenário, exageradamente positivas. E afirmava: ‘Financeiramente, o CRVG superou uma fase complicada para uma situação imediata de receita positiva e pagamentos em dia das suas obrigações, com ainda a forte expectativa de melhorias significativas desse panorama já favorável com o próximo lançamento de debêntures pela SAF e a futura distribuição de dividendos por essa empresa’.”
Com a análise das Demonstrações Financeiras de 2023, que ao final do período evidenciam a realidade econômico-financeira do CRVG, é possível afirmar, com toda certeza, que a situação é muito diferente daquela que foi divulgada pela gestão anterior. A necessidade de antecipar os royalties já em 2023 é um indicativo da fragilidade das promessas sobre superávit de caixa e um cenário amplamente positivo.
Sem a expectativa de recursos provenientes de debêntures ou da distribuição de dividendos da VASCO SAF no curto prazo, levando em conta a limitação de receitas devido a contratos, somado a um passivo de aproximadamente R$ 213 milhões, mais contingências com perdas potenciais e remotas de R$ 90,5 milhões, o panorama atual é alarmante. Isso revela um risco sobre a continuidade operacional do clube, diante da possibilidade de insuficiência de recursos para saldar as dívidas, mesmo considerando a disponibilidade dos 20% da participação do CRVG na VASCO SAF.
Ainda na conclusão do documento, o Conselho Fiscal sugere que novas receitas da reforma de São Januário e a reavaliação de cláusulas contratuais com um futuro investidor são caminhos essenciais a serem seguidos pelo Vasco. Além disso, é fundamental estabelecer uma cogestão saudável e eficiente entre o clube e o novo sócio, algo que não ocorreu com a 777 Partners.
O Vasco associativo apresentou, em agosto, o balanço financeiro de 2023, correspondente ao último ano da gestão do ex-presidente Jorge Salgado. O documento elaborado pela administração de Pedrinho foi divulgado com mais de três meses de atraso, já que o prazo estipulado por lei federal para todos os clubes era 30 de abril.
Nas demonstrações financeiras, a diretoria de Pedrinho indicou um aumento da dívida para R$ 212 milhões do clube associativo – um cenário já destacado pelo ge em reportagem publicada no dia 24 de abril.
Jorge Salgado, presidente do Vasco, no Abre Aspas — Foto: André Durão
Fonte: ge