– A janela do meio do ano é um momento para ajustes. As grandes negociações acontecem no começo da temporada. Trabalhamos para embelezar nosso elenco. Quando cheguei, tivemos a lesão do João Victor, que nos deixou com apenas três zagueiros experientes e mais dois da base. O retorno do João Victor foi um alívio para nós. Contudo, não encontramos um jogador que se encaixasse nas obrigações financeiras e com um retorno técnico satisfatório – destacou Marcelo Sant’Ana.
Marcelo Sant’Ana ao lado de Maxime Dominguez, novo reforço do Vasco — Foto: Emanuelle Ribeiro
O diretor também explicou a estratégia da busca por um defensor. Inicialmente, a ideia era encontrar um zagueiro mais calejado. No entanto, a investida acabou sendo em Ian Glavinovich, um jovem de 22 anos e experiência nas seleções de base da Argentina.
– Procuramos atletas com idade entre 28 e 30 anos, com um perfil mais sólido, prontos para lutar por uma posição. No fim, acabamos negociando com Ian, um perfil diferente, mas ele teve uma boa passagem pela seleção olímpica da Argentina. É um jogador interessante, mas, devido ao contrato, não conseguimos fechá-lo – comentou.
O dirigente fez um apelo à torcida, pedindo que acreditem nos zagueiros do elenco. Ele usou como exemplo a efetivação do técnico Rafael Paiva, que pegou o time em uma fase complicada no Campeonato Brasileiro e conduziu a equipe ao 8º lugar da tabela.
– Quando cheguei, sempre repeti uma frase e sou cobrado por ela: a verdade do futebol está no campo. Principalmente após os jogos contra Atlético-MG e Grêmio. Precisamos ter equilíbrio. No campeonato, temos a 14ª defesa em gols sofridos. Porém, desde a chegada do Paiva, estamos entre as quatro menos vazadas. Queremos qualificar, mas temos que trazer quem se ajuste à nossa realidade. Não interessa um jogador que represente um ônus elevado. Não podemos gastar R$ 1 milhão em um zagueiro. Acreditamos no nosso grupo.
– Quando Pedrinho me contatou, o Vasco estava com sete pontos e na zona de rebaixamento. Eu mencionei a pontuação que conseguiríamos e o presidente até riu. Quando assumi oficialmente, estávamos com 11 pontos, em 16º lugar. O grupo reagiu durante a competição, e praticamente os mesmos jogadores estão aí. A confiança no elenco está se mostrando eficaz. A decisão de manter o Rafael Paiva foi bem acertada. Muitas vezes, as pessoas ao redor precisam de confiança.
Por fim, Marcelo Sant’Ana continuou insistindo que o Vasco não pode mais se aventurar financeiramente e ressaltou que a prioridade deve ser a estruturação do clube.
– Não vamos corrigir todos os problemas em dois ou três meses. Pode ser difícil para o torcedor ouvir isso. Precisamos ter responsabilidade. Temos que investir na reforma de São Januário e integrar a base ao profissional. O clube cometeu o erro estratégico de ter cinco diferentes locais de trabalho. Isso é muito distante do que deveria ser. Em breve, esperamos apresentar um plano de como vamos resolver esse déficit histórico. É complicado para um clube que nunca respeitou seu orçamento ouvir isso. O Vasco é competitivo pela força da torcida e por sua grandeza, mas não pelas últimas gestões. Se analisarmos desde a época em que Pedrinho jogava até os últimos 30 anos, tivemos períodos gloriosos. Desde 2000, a situação ficou aquém da sua história e potencial. Nossa esperança é corrigir isso.
Veja outras respostas de Marcelo Sant’Ana:
Paiva ainda é interino ou já foi efetivado?
– Paiva não dá os treinos? Ele não escala o time? Não há dúvida de quem é o comandante. Se chamamos de interino ou efetivado, na prática, ele é o técnico. Se ele entrega os resultados que a torcida e a diretoria desejam, vamos aproveitar esse momento.
O Vasco é SAF ou Associação?
– SAF ou associação não fazem diferença. O que importa é a gestão do dia a dia. O Real Madrid é uma associação. Os clubes ingleses funcionam como empresas. O Bayern possui um modelo híbrido. A diferença está na gestão dessa estrutura. No caso do Vasco, não houve uma adesão séria à governança administrativa. O presidente enfrentou situações de endividamento. Nós enfrentamos dois riscos de transferência devido à época da SAF. Em janeiro, há mais um risco, pois nenhuma parcela foi paga. Esse é o tipo de problema que precisamos resolver e dar respostas. O orçamento não era respeitado. O presidente não aceita que tratemos o Vasco de forma irresponsável.
Coutinho joga contra o Athletico-PR?
– Coutinho se cobra intensamente para retornar aos gramados. Tenho total confiança nele. O que converso com ele é que ele deve jogar apenas quando estiver bem. Se isso levar mais um mês, ele que nos dirá. Não vamos pressionar. Essa decisão é sempre tomada em conjunto. Coutinho está muito a fim de jogar e competir. Vocês entenderão a magnitude do sacrifício que ele tem feito para estar aqui. Temos certeza de que ainda vamos sorrir bastante com ele no Vasco.
Jogo de risco contra o Athletico?
– A única situação fora do comum aconteceu fora do vestiário. Os dois jogos no Rio foram tranquilos. O Vasco não dificultou a compra de ingressos para a torcida do Athletico, e não criamos obstáculos para o staff deles. Estamos prontos para lutar pela vaga em campo. Tomamos nossas precauções, mas não perco tempo com o que não posso controlar.
Contratação de Maxime Dominguez
– Ele estava jogando em Portugal, então o acompanhamos mais de perto. Em seguida, analisamos seus jogos na Polônia e na Suíça. Se estivesse lá, talvez nunca o trouxéssemos, pois não são mercados que o Vasco monitora. Estamos no limite da quantidade de jogadores estrangeiros que podem ser relacionados. Vamos observar mais jogadores brasileiros nas Séries A e B.
Fonte: ge