O Vasco levou dois gols em apenas 10 minutos de jogo. O terceiro, anotado por Junior Santos, veio aos 25 minutos do segundo tempo.
“Precisamos pedir desculpas pelo resultado. Não era isso que queríamos, mesmo jogando contra o líder do campeonato. Sabemos que é um clássico e, em clássico, temos que competir mais”, destacou o técnico do Vasco.
– Os primeiros 15 minutos foram cruciais para o nosso desempenho. Cometemos erros, tomamos dois gols e ficamos expostos. O segundo gol surgiu de uma jogada que tentamos construir. No primeiro tempo, não conseguimos encaixar nosso jogo. Acredito que poderíamos ter balançado a rede e mudado a dinâmica. No segundo tempo, nossa defesa melhorou. Lutamos e mostramos garra, mas o resultado e a atuação ficaram aquém do que esperávamos. No entanto, seguimos na luta. O Bahia também perdeu. Precisamos dar uma resposta – acrescentou.
Paiva foi questionado sobre a falta de atenção do Vasco no início da partida e se a posição do time na tabela, distante da disputa pelo título e também da zona de rebaixamento, poderia ter influenciado.
– Precisamos conversar com os jogadores. Esse pensamento não pode levar ao relaxamento. Estamos jogando com a corda no pescoço sempre. É necessário manter um alto nível de concentração. Temos objetivos importantes em mira, como a Sul-Americana e a Libertadores. Esse foi mais um problema em uma série de desafios – garantiu.
No clássico, João Victor foi expulso com o segundo cartão amarelo aos 44 minutos do primeiro tempo, já com o Botafogo na frente por 2 a 0. Paiva acredita que a expulsão do zagueiro encerrou qualquer chance de reação.
– Sempre que enfrentamos essas equipes, conseguimos competir bem na maioria dos jogos. Era isso que esperávamos hoje, um padrão competitivo elevado. Sabíamos que seria difícil manter a posse de bola e quebrar a pressão. Trabalhamos para jogar, mas a pressão inicial do Botafogo foi intensa. Optamos por jogar bola mais longa, mas não contávamos em sofrer os dois gols tão rapidamente. A transição do Botafogo é extremamente rápida, e, assim, o jogo fugiu do que planejamos – avaliou.
– Depois dos dois gols, acredito que tivemos uma ou duas oportunidades. Com um gol, poderíamos ter entrado na partida. Essa foi nossa crítica ao intervalo, de acreditarmos que era possível. Mas sentimos que em alguns momentos nosso time estava desorganizado, especialmente no meio. Não conseguimos neutralizar a transição do Botafogo porque muitos jogadores avançaram além da linha da bola. Levamos um tempo para nos organizar e ainda assim perdemos duas chances. A expulsão saiu totalmente do planejamento. Com 2 a 0 e um jogador a menos contra o líder, em um momento muito bom do Botafogo, a situação se complica. Nossa proposta no segundo tempo foi defender melhor – completou.
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Sobre a ausência de Emerson Rodríguez
– O Emerson enfrentou um problema familiar no domingo, e esse treino era crucial para nós, onde iríamos definir a equipe. Institucionalmente, o Vasco decidiu não relacionar o jogador. Precisamos mostrar que acreditamos no grupo que temos. No aspecto profissional, isso é vital. O Jean é experiente e traz bagagem de uma Liga Mexicana de bom nível. Embora tenha sido sacrificado após a perda de um jogador, mesmo assim ele teve alguns lances. O planejamento com o Jean era manter a posse de bola, mas não conseguimos executar isso.
Por que não substituiu o Vegetti antes?
– No intervalo, o Vegetti poderia decidir em uma bola aérea ou parada, então optamos por deixá-lo. Mas ele foi bem marcado e não conseguiu ser efetivo. Sabíamos que o Rayan e o Alegria dariam características diferentes, mas como são meninos e jogando com um a menos em um placar adverso, foi complicado. Conseguimos escapar algumas vezes, mas a transição rápida do Botafogo resultou no terceiro gol. A ideia era neutralizar a pressão deles no segundo tempo e tentar marcar.
Condições físicas dos jogadores e de Coutinho
– O campeonato é desgastante para todos. No Botafogo, alguns jogadores saíram por não aguentar. É um torneio onde não há respiro. Com o Coutinho, precisamos ter paciência. Ele passou por lesões complicadas que o afastaram de momentos importantes. Temos que cuidar dele. Quando está bem, faz a diferença. Não podemos ultrapassar os limites físicos dele. Temos um receio excessivo, pois não podemos deixá-lo se machucar. Ele disputou jogos pesados nas últimas semanas. Nosso setor de performance é muito eficiente e conseguimos lidar com a competição. A maioria das lesões no DM foram por trauma, não musculares. A estrutura do Vasco é boa, mas o calendário é exigente. O nível do campeonato é alto, e os atletas que vêm de fora enfrentam dificuldades. É claro que gostaríamos de jogos com mais qualidade técnica, mas confio no nosso setor, estamos lidando bem.
Gols rápidos e expulsão
– O confronto fugiu do nosso planejamento inicial. Levar dois gols em sequência nos coloca em uma situação delicada, distante do que esperávamos. Entramos mal, mesmo assim, teríamos a chance de nos defender. Se não sofremos o gol, depois de 15 minutos poderíamos ter entrado no jogo, mas hoje tomamos dois gols logo de cara. Precisamos ter calma para jogar. O campo favorece um ritmo acelerado. Eles marcaram forte os nossos meios. Sabíamos que em algum momento teria um drible que abriria espaço, mas jogamos sob a pressão de estar perdendo por 2 a 0. O jogo não fluiu. Se tivéssemos marcado em uma das duas oportunidades, talvez a história fosse outra. A expulsão praticamente eliminou a chance de empate. No campeonato brasileiro, não se pode oscilar ou cometer erros. Isso nos deixou sem muitos pontos a serem destacados. Temos que deixar isso para trás.
Desempenho do Vasco
– Sabíamos da rapidez do Botafogo. O Luiz está em alto nível, assim como Almada e Igor Jesus, todos jogando bem coletivamente e individualmente. Tentamos, inicialmente, impedir que entrassem na estrutura de jogo que gostam, de atacar com muitos jogadores e controlar a posse de bola. A ideia era neutralizar isso, mas eles se movimentaram muito bem e se saíram felizes com os dois gols que facilitou a partida deles. Talvez pudéssemos ter buscado outras alternativas, trocas, outras estratégias. Porém, não podemos tirar o mérito do Botafogo, que é líder em um campeonato difícil e está na final da Libertadores. Temos um grande respeito pelo que eles realizaram. Hoje, simplesmente não conseguimos nos encontrar, especialmente no primeiro tempo.
E sobre Jean David?
– Sobre o Jean, sabíamos que o Botafogo é forte na transição, mas não podemos marcar o tempo todo. Viemos aqui para jogar e buscar a vitória. Sabíamos que a transição ocorrerá. Se perdemos a bola no ataque, o Botafogo contragolpeará. Não dá para retirar a capacidade de transição do Botafogo, mas há como ajustar a marcação, manter mais posse e tentar desestabilizar a equipe deles, levando nossos atacantes para longe do seu campo. O Jean nos traz a posse e controla bem o jogo. O drible e os movimentos que ele efetua são importantes. Porém, infelizmente, não conseguimos nos inserir no jogo que queríamos, não conseguimos dividir a posse de bola com eles e mantê-los recuados. Nossa transição também é forte, mas não encontramos as condições. O Botafogo fez um grande jogo e dificultou muito nossa partida.
Fonte: ge