– Não vejo a torcida vaia mais jogadores do que a do Vasco. Já mencionei o caso do Pec e do Orellano, que foram vaiados aqui, e um foi o melhor e o outro o terceiro melhor da liga americana. Acredito que aqui todos sofrem, a torcida, a comissão técnica, os jogadores, por essa vontade que temos de ver o Vasco onde merece estar, competindo por títulos. Estamos todos penando com isso, e reconheço que a vaia é um reflexo da frustração da torcida, que busca jogadores capazes de resolver os problemas. Devemos ter fé no processo, o Vasco precisa trilhar o caminho passo a passo. Não podemos ser rebaixados esse ano, devendo brigar por Libertadores e Sul-Americana, mas é essencial ter paciência com a 777 – declarou.
– No fim das contas, isso acaba refletindo em alguns jogadores, e considero isso injusto. O Léo é extremamente qualificado, ele está aqui por mérito. O mesmo se aplica ao Galdames, que é um atleta de nível de seleção chilena. O Puma já foi muito vaiado em certos momentos, assim como o Rayan. Não estou defendendo jogadores a qualquer custo, mas acho injusto, pois são profissionais que se dedicam e certamente terão mercado ao saírem daqui. Precisamos do apoio da torcida, pois isso faz uma grande diferença. O Léo precisa ter uma atuação quase perfeita para evitar vaias, enquanto outros jogadores, que por vezes cometem mais erros, continuam a ser apoiados – completou Paiva.
Logo no intervalo, os vascaínos já exigiam uma vitória em São Januário. Após o gol do Inter, aos 19 minutos do segundo tempo, a torcida atacou o time e gritou palavrões ao técnico Rafael Paiva após o apito final.
Apesar das críticas, Paiva exaltou o desempenho do Vasco, destacando a evolução em relação aos últimos dois jogos e mencionou que o time não soube aproveitar as oportunidades criadas em casa.
– Achamos que conseguimos competir. Nos últimos dois jogos, contra Botafogo e Fortaleza, não conseguimos mostrar resistência, sofremos muito, levando três gols em cada duelo, porque saímos da nossa característica. Sabemos que a competitividade é fundamental para equilibrar as partidas, e isso nos levou ao nosso lugar na tabela. Jogo contra o Inter foi equilibrado, especialmente no primeiro tempo. No início do segundo tempo, conseguimos atuar bem, mas mudamos taticamente para tentar voltar para o jogo – disse o técnico.
– Conseguimos ter um equilíbrio, sabendo da qualidade do Inter. O que faltou mesmo foi concluir as chances que tivemos, foram duas ou três muito claras. Agora, são três jogos sem marcar, e isso nos pesa bastante. Nunca havia perdido em São Januário, lutamos, mas não tivemos sucesso nas finalizações. No fim, partimos para a pressão total e acabamos nos desorganizando. É angustiante essa sequência negativa, mas as equipes passam por oscilações, precisamos continuar acreditando. É urgente quebrar essa fase ruim – adicionou Paiva.
Rafael Paiva, técnico do Vasco, na partida contra o Internacional — Foto: Alexandre Durão
O Vasco almejava uma vaga na Pré-Libertadores do ano que vem, contando que o G-6 poderia se transformar em G-9, mas a derrota dificultou esse objetivo. A equipe precisa vencer os quatro últimos jogos do Brasileiro e torcer por resultados favoráveis. A classificação para a Sul-Americana é uma meta mais alcançável. O próximo confronto será contra o Corinthians, no domingo, às 16h, fora de casa.
Outras declarações de Rafael Paiva:
Condição física do time
– Acredito que isso também influencia. Em termos físicos, o Inter apresenta atletas mais potentes e rápidos. Em alguns momentos, parece que a outra equipe está em melhor condição. Temos jogadores que jogam mais com a bola, mas falhamos nas transições. Não percebo uma disparidade total. Temos um modelo de jogo mais centrado. O Piton fez boas jogadas ao fundo, mas quando optamos por um estilo, acabamos perdendo outro.
Demora para chegada na coletiva
– Estávamos analisando o jogo, revisando alguns lances. O tempo foi consumido para essa análise, mas não foi nada demais. Eu gostaria de ter chegado mais cedo.
Possibilidade de barrar Vegetti?
– Sobre o Vegetti, isso o incomoda bastante. Ele teve duas chances claras de gol. Naquelas jogadas, ele poderia ter chutado com mais precisão. O Vegetti é um jogador experiente, artilheiro da Copa do Brasil, não dá para desconsiderar seu valor. Ele é uma liderança que impulsiona nossa equipe. Já o Rayan, sendo bem jovem, não podemos sobrecarregá-lo com responsabilidades excessivas. Se for necessário fazer mudanças durante os jogos, ponderaremos, mas confio que o Vegetti vai se recuperar e marcar os gols que precisamos.
Mudanças na estrutura
– Alteramos algumas peças e a forma de jogar. Defendemos de maneira mais compacta hoje. A transição para o gol não deu certo. Criamos algumas jogadas, onde uma delas foi irregular. Exploramos o lado esquerdo com Leandrinho e Piton. Fizemos ajustes, mas precisamos ser mais decisivos nas finalizações. Não dá para esperar que só o Vegetti vai marcar os gols. Precisamos cobrar mais dos jogadores para que vários deles contribuam.
Maxime e Leandrinho
– O Max não iniciava um jogo há um bom tempo. Sabíamos que ele não conseguiria jogar os 90 minutos, especialmente por estar se adaptando ao futebol brasileiro. O Leandrinho teve boa performance no primeiro tempo, mas no segundo, o Inter dominou a posse de bola e perdemos a capacidade de criação. Precisávamos de alguém com mais velocidade para explorar a transição. O Leandrinho tem um estilo diferente, focado mais na profundidade.
Ansiedade do time na busca pelo gol
– Acredito que o jogo contra o Inter foi equilibrado, soubemos defender e controlar a partida. Foi um embate maduro, especialmente no primeiro tempo. A ansiedade apareceu após o gol deles e nos últimos 15 minutos, quando partimos para o tudo ou nada. Essa atitude poderia ter nos custado um segundo gol.
Mudança de Galdames por Hugo Moura
– O Galdames possui melhor capacidade de construção do que o Hugo. Ele teve uma melhora notável, sua precisão nos passes longos e em toques é superior. A concorrência entre eles é saudável. Não devemos olhar apenas para a perda do Hugo, pois estamos ganhando um novo jogador, o Galdames, que possui grande inteligência em campo. Nessa briga, todos têm se destacado.
Vai mesmo da torcida e expectativa sobre o futuro
– Eu já fui vaiado no meu primeiro jogo quando eliminamos o Fortaleza (na Copa do Brasil). Peguei a equipe em momentos difíceis, e a vaia é algo compreensível. É uma torcida apaixonada; sabemos que eles têm sofrido. Entendo isso, e não levo para o lado pessoal. Todos aqui têm sua parcela de responsabilidade. Não podemos apontar dedos. Esse time tem oscilações.
– Criamos um cenário favorável e se tivéssemos vencido, estaríamos muito próximos do G7. Fico pensando que, enquanto estivermos próximos da Libertadores, as equipes abaixo também se aproximam. A torcida já vaiou o Dinamite, então não seria certo eu achar que não vou ser vaia. É parte da profissão. Enquanto estiver aqui, buscarei levar o time ao máximo que pode chegar. Acredito na Libertadores, em G7, G8 ou G9. Sou muito grato ao Vasco, pela oportunidade que me deu, pelos 34 jogos na Série A. Independente do que aconteça, serei sempre grato ao Vasco e ao que ele representou para mim.
Pelo que o Vasco briga?
– Precisamos brigar pela Pré-Libertadores e contribuir para o G-7 que pode se tornar G-8 e até G-9. Portanto, teremos que lutar muito nessas quatro últimas partidas.
Aposta nos cruzamentos e pouca construção por dentro
– Estamos conseguindo construir, e hoje senti que controlamos a bola. O Max trouxe visibilidade para jogadas entre as linhas. Nossa força este ano tem sido finalizar pelos lados. Temos o melhor cabeceador do futebol brasileiro, o que é uma vantagem. Não posso tratar de reforços, pois preciso trabalhar com o grupo que temos. Perdemos jogadores importantes, mas tenho de focar nas características de cada um. Criamos mais hoje, mas o gol não saiu.
Onde você se vê em 2025?
– Minha meta é trabalhar para deixar o Vasco na posição mais privilegiada possível. Depois da temporada, terei conversas com Pedrinho, Felipe e Marcelo (Sant’Anna). Tem sido uma experiência incrível, tentarei o melhor para deixar o Vasco onde merece, mas precisamos entender o processo e ter paciência.
Time chegou ao teto?
– Seria injusto afirmar que este grupo não tem mais a oferecer. Já alcançamos uma semifinal na Copa do Brasil. Desde que cheguei, enfrentamos times da Série A com empenho. Atingimos também uma invencibilidade de oito jogos com este grupo. Embora tenhamos perdido Adson e David, dois atletas fundamentais, devemos acreditar que outros podem suprir esse vazio. O campeonato é complicado, e muitas equipes enfrentam oscilações. É normal passar por momentos difíceis. Temos total potencial para lutar pela Pré-Libertadores. Vamos batalhar muito por isso, e creio que podemos alcançar nosso objetivo com o que temos. Já enfrentamos períodos piores sem ganhar. Precisamos urgentemente dar uma resposta, uma vitória muda tudo e precisamos buscar ela contra o Corinthians.
Fonte: ge