O grande dia chegou para São Januário. Nesta quarta-feira, a Justiça vai analisar o recurso do Vasco para tentar reabrir o estádio com torcedores presentes. Já se passaram 69 dias desde a interdição, após os incidentes após a derrota para o Goiás, na 11ª rodada do Brasileirão. Desde então, o processo tem avançado lentamente, com o clube e políticos buscando apoio através de petições e até tentando envolver o STF para reverter a decisão.
Inicialmente, São Januário foi proibido de receber partidas de futebol. Posteriormente, o Vasco obteve uma liminar que permitia a utilização parcial do estádio, mas com portões fechados. Dessa forma, o time enfrentou Cruzeiro, Athletico e Grêmio. Somente na vitória contra o Atlético, houve a presença de torcedores, pois o jogo foi transferido para o Maracanã, mesmo havendo disputas judiciais com Flamengo e Fluminense.
Nesse período, as diretorias do Vasco, tanto institucional quanto da SAF, se reuniram com órgãos públicos e conquistaram apoio para a reabertura completa do estádio. O clube atualizou os laudos e, em reunião com o Ministério Público, se comprometeu a acelerar um plano de medidas para melhorar e ampliar as entradas. Além disso, aguarda a autorização da Prefeitura para realizar obras de revitalização nas imediações de São Januário.
O Ministério Público também deseja a instalação de biometria no estádio, de acordo com o ‘ge’. Dessa forma, possíveis vândalos poderiam ser identificados com mais facilidade. O Vasco ainda não se pronunciou a respeito, mas a implementação desse sistema requer tempo. Vale destacar que essa tecnologia ainda não foi utilizada nos estádios do Rio de Janeiro.
Controvérsias envolvendo São Januário
A situação ficou ainda mais relevante com a divulgação de um polêmico relatório que serviu como base para a decisão do juiz Bruno Arthur Mazza Vaccari. No documento, o juiz Marcelo Rubioli, que estava trabalhando no dia dos incidentes, menciona que a interdição também ocorreu “devido à comunidade da região do Vasco, onde ocorrem frequentemente disparos de armas de fogo provenientes do tráfico de drogas local” e que as ruas estreitas “costumam ficar lotadas de torcedores embriagados”.
A acusação de preconceito e elitismo foi imediata, gerando repercussão na mídia, opinião pública e no próprio clube, tornando-se uma arma nos bastidores. Afinal, não é comum haver relatos de tumultos e violência nas proximidades do estádio. Inclusive, o Vasco começou a divulgar e apoiar o evento chamado “Sambarreira”, uma roda de samba com músicas originais sobre a história do clube, que reúne o público em uma das áreas externas do estádio. A própria comunidade demonstrou protesto contra a decisão, enfatizando os prejuízos financeiros repentinos causados pela falta de jogos.
Envolvimento do STF
Além disso, o deputado Aliel Machado Bark (PV-PR) apresentou uma ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 23 de agosto, alegando preconceito e encaminhando o material ao ministro Luis Roberto Barroso.
O debate social também chamou a atenção da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que emitiu uma moção de repúdio à decisão, levando o vereador Tarcísio Motta (PSOL-RJ) a propor uma petição online. Até o momento, o documento já possui quase 15 mil assinaturas. Tudo isso será utilizado pelo Vasco durante o julgamento desta quarta-feira.
O próximo jogo do Vasco em casa ocorrerá no dia 16 de setembro, contra o Fluminense. É provável que seja realizado em outro estado, já que São Januário não pode sediar clássicos por determinação dos órgãos públicos e o Maracanã estará fechado para reparos no gramado. Em seguida, no dia 19, o Vasco enfrentará o Coritiba e espera poder utilizar seu estádio.
Fonte: Jogada 10