Carille foi contratado no dia 19 de dezembro e visitou o CT Moacyr Barbosa nos últimos dias. Ele teve a oportunidade de conhecer as instalações e acompanhar os treinos da equipe que se prepara para os primeiros jogos do Carioca, sob a batuta de Ramon Lima, técnico do Sub-20.
Campeão do Brasileirão com o Corinthians em 2017 e da Série B com o Santos em 2024, Carille foi auxiliar de Tite por muitos anos e se destacou sempre por construir defesas sólidas.
E como jogam as equipes de Carille? O ge conversou com especialistas e traçou um perfil do treinador para que a torcida vascaína saiba o que esperar do novo comandante do time de São Januário.
Carille e a nova comissão técnica do Vasco — Foto: Dikran Sahagian/Vasco
O esquema: 4-2-3-1
Fábio Carille costuma ser fiel ao 4-2-3-1. Raramente suas equipes se afastam dessa formação, que conta com uma dupla de volantes e um meia criativo, além de dois jogadores abertos que ajudam tanto na construção quanto na recomposição defensiva.
Quando muda de formação, geralmente é para um 4-3-3, com um volante mais fixo e dois meias, além de dois pontas e um atacante à frente.
Em várias ocasiões, como no Corinthians e no Santos, Carille optou por escalar jogadores com características diferentes nas pontas, um mais armador de um lado e outro mais ofensivo do outro.
— Ele quase sempre organiza o time assim. Um jogador na ponta que é um atacante verdadeiro, mais veloz e incisivo. E outro que se aproxima do meio, ajudando na criação e na proteção dos volantes, enquanto o ponta atacante faz mais movimentos em direção à área. Esses movimentos ocorrem quando os laterais ocupam os flancos. É um time que avança de forma gradual — explica Rodrigo Coutinho, comentarista dos canais Globo.
Modelo de jogo: equilíbrio, força na bola parada e proteção da área
Uma das principais características de Fábio Carille é o equilíbrio em suas equipes. Em suas primeiras falas como técnico do Vasco, as promessas para a temporada foram: um time competitivo, focado e extremamente organizado em campo. Defensivamente, o objetivo é sempre proteger a entrada da área, deixando poucos espaços no centro do próprio campo.
— Muita gente pensa que o Carille é apenas um treinador que foca em marcar atrás o tempo todo, que só aposta em jogadas longas, mas isso é um mito. Ele busca um time mais equilibrado. Raramente você verá os dois laterais próximos da área adversária ao mesmo tempo, ou os dois volantes adiantados. Geralmente, um fica mais próximo da defesa quando estão atacando, enquanto o outro é liberado para infiltrações — analisa Rodrigo Coutinho.
Conhecido por montar defesas sólidas, as equipes de Carille não se limitam apenas à defesa. O foco principal na saída de jogo é avançar gradualmente, utilizando passes curtos e os volantes para manter a bola em movimento. O objetivo, muitas vezes, é encerrar as jogadas nas laterais, com infiltração de um dos extremos, ou cruzamentos, tanto rasteiros quanto altos, na área.
Fábio Carille em ação pelo Corinthians — Foto: Marcos Ribolli
— Ele busca bastante as jogadas combinadas entre lateral e ponta, ou lateral, ponta e meia. Os times criam triangulações para conquistar a jogada e chegar ao fundo para finalizar. Pode ser um cruzamento para a área, seja com o Vegetti ou para o camisa 10, como o Coutinho, finalizar a jogada, ou um segundo volante com um cruzamento rasteiro. Até mesmo buscando o outro ponta na segunda trave.
A altura da linha de marcação varia. Nos jogos em casa, as equipes costumam adiantar mais a pressão, mas não o tempo todo, especialmente quando já estão vencendo o jogo, momento em que a equipe se fecha mais e atua em função da defesa.
Carille, que foi auxiliar de Tite por vários anos no Corinthians, era responsável pelo treinamento das jogadas de bola parada. Os torcedores do Vasco podem esperar evolução nesse aspecto.
— Normalmente, suas equipes são muito eficazes tanto no jogo aéreo quanto nas bolas paradas, seja ofensivamente ou defensivamente. É improvável que haja problemas nessa área ao longo da temporada, já que ele dedica muito esforço a isso. Ele treinava as bolas paradas para o Tite no Corinthians, o posicionamento da linha defensiva e o momento de avançar ou recuar. É um treinador que incorpora isso em seu estilo — afirma o comentarista do sportv.
O elenco: onde reforçar e quem pode se destacar
As prioridades do Vasco no mercado são duas posições essenciais para o estilo de jogo de Fábio Carille. O clube já busca na janela de transferências exatamente os perfis que o treinador aprecia em suas equipes: um zagueiro experiente, que proteja bem a área e seja forte no jogo aéreo, e um atacante de lado que se envolva nas jogadas que geram gols, finalizando e dando passes decisivos.
As opções no elenco do Vasco de Fábio Carille — Foto: ge
No time atual, quem mais se encaixa como atacante de lado com potencial para participar de gols é David, mas o jogador só estará disponível no segundo semestre, pois está em recuperação de uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Jean David e Emerson, outras opções da posição, não firmaram suas presenças em 2024. A diretoria está atrás de reforços para essa posição.
Na defesa, Balbuena é uma prioridade. O paraguaio já trabalhou com Carille em 2017, quando conquistou o título brasileiro com o Corinthians. Maurício Lemos é outro jogador que interessa ao Vasco.
No meio-campo, Philippe Coutinho é o meia-atacante ideal que atua mais próximo ao gol adversário. Comparado a Payet, o brasileiro tem maior presença ofensiva, invadindo mais a área do rival, enquanto o francês se destaca por fazer a bola circular no começo das jogadas.
— Adson é outro jogador que pode brilhar. Ele é um atleta de lado que toca bastante a bola no meio, se associando ao meia central e tem boa recomposição defensiva. Vegetti também se destaca, aproveitando as oportunidades de cruzamentos na área. O jogo aéreo é sua principal característica.
No elenco atual, Lucas Piton e João Victor já foram treinados por Carille no Corinthians e usufruem da confiança do treinador.
Opinião de Rodrigo Coutinho
— Acredito que é uma boa aposta dentro do que o Vasco é hoje. O clube não tem a capacidade de ir ao mercado em busca de grandes contratações ou sonhar com um time dos sonhos que irá competir nas principais competições. O Vasco deve almejar uma temporada segura, tentar lutar pelo título do Carioca, avançar na Copa do Brasil e na Sul-Americana, ser competitivo contra equipes mais fortes e ter uma defesa sólida, algo que faltou nas últimas temporadas.
— Não sei se a produção ofensiva vai ser tão alta quanto a torcida espera, mas pode ser que falte material humano para isso, mesmo com o retorno de Jair, Paulinho, Adson e David mais adiante. Precisamos de reforços. Mas dentro das possibilidades do que o Vasco pode oferecer, é um nome promissor, sim.
Fonte: ge
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