Pedrinho e sua equipe sempre consideraram a recuperação judicial crucial para o processo de reestruturação financeira em andamento no clube. A administração acredita que essa seja a forma mais segura e eficaz para enfrentar as dívidas acumuladas.
Conforme a apresentação do escritório Alvarez & Marsal, que foi contratado para dar consultoria ao Vasco sobre o assunto, o cálculo mais recente revelou uma dívida em torno de R$ 1,4 bilhão.
Pedrinho, presidente do Vasco — Foto: Jorge Rodrigues/AGIF
Na sessão de segunda-feira, 112 conselheiros sinalizaram apoio ao plano de recuperação judicial, enquanto 12 se abstiveram e 37 votaram contra. A maior parte dos votos contrários veio de grupos de oposição, que criticaram a falta de discussão nesse processo. O grupo Fuzarca até divulgou uma nota, alegando que “a falta de transparência é a marca dessa gestão”.
Em entrevista ao ge, Felipe Carregal Sztajnbok, vice-presidente jurídico do Vasco, celebrou o desfecho no Conselho e assegurou que houve discussão sobre o tema.
– O Conselho Deliberativo respaldou a orientação da Diretoria Administrativa. Tivemos um bom debate entre os conselheiros e beneméritos, inclusive com a oposição. Todos tiveram a chance de participar e contribuir. Foram várias reuniões, presenciais e online, com a presença de membros da Diretoria e dos consultores externos contratados. O processo foi transparente, envolvendo aqueles que, cientes de suas responsabilidades, decidiram participar – destacou ao ge.
Segundo Carregal, a decisão não tem impacto prático imediato; por ora, nada muda. O Vasco continuará se reunindo com seus credores, mediado pela Fundação Getúlio Vargas, na busca de reduzir as dívidas e, assim, compreender melhor o tamanho do passivo que terá que administrar.
A diretoria espera concluir as mediações até o fim de janeiro. Durante a reunião, o clube revelou que já foi firmado um acordo com os credores trabalhistas da classe I, provenientes de acidentes de trabalho ou da legislação trabalhista, com valores a serem recebidos até o limite de 150 salários mínimos.
Descontos e detalhes do plano
Diferentemente de outros clubes que optaram pela recuperação judicial e conseguiram acordos que diminuíram drasticamente suas dívidas, o plano do Vasco não contempla descontos na quantia devida aos credores. Carregal explica que as reduções estão sendo trabalhadas na fase de mediação atual.
“O plano de credores possui diversos mecanismos que auxiliam na redução e quitação da dívida. Esses descontos são apenas parte do processo e serão aplicados na hora e forma apropriadas. Tudo dependerá do resultado das mediações e será conduzido conforme o planejamento estabelecido”, afirmou Carregal.
A recuperação judicial é vista como uma estratégia crucial pela diretoria de Pedrinho, especialmente porque protege o clube de penhoras e outras medidas restritivas. Além disso, reduzirá o risco de sanções esportivas, como o transferban, aplicadas pela CNRD e cortes arbitrárias da Fifa.
Atualmente, o Vasco conta com uma medida cautelar favorável, que suspende ações de penhoras e bloqueios financeiros; no entanto, essa decisão é válida apenas até 21 de janeiro.
Os motivos que levaram a gestão a escolher a recuperação judicial, conforme informações divulgadas internamente, são os seguintes:
Fluxo de caixa de curto prazo
- Captação de recursos via DIP (debtor-in-possession)
- Utilização de alavancas de antecipação de recebíveis a curto prazo
- Stay period – suspensão das execuções e penhoras de caixa
Penalidades desportivas
- Redução dos riscos de punições pela FIFA e CNRD
- Prazo para renegociação de novas condições para pagamento de débitos esportivos
Reestruturação da dívida
- Suspensão de restrições
- Reestruturação das dívidas de forma organizada e equitativa (iniciada com a mediação)
- Reperfilamento (prazo e taxas) das dívidas, sujeitas ou não a RCE
- Tratamento das contingências CRVG e SAF
- Melhores condições para parcelamento tributário
Soluções de longo prazo
- Proteções legais para investidores
- Previsibilidade do fluxo de caixa
- Mitigação do risco de acúmulo de dívidas (UPI)
Fonte: ge
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