O Vasco vive intensamente a semana que pode ser decisiva para permitir a entrada do público em São Januário. Uma série de reuniões está ocorrendo para finalmente conseguir pôr um fim à lamentável proibição da presença da torcida nos jogos do clube na Colina. E o Cruz-Maltino conquistou o que anteriormente parecia impossível. A própria Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro confirmou que o estádio já poderia receber jogos com a presença de espectadores. Além disso, as torcidas organizadas do clube também assumiram o compromisso de cumprir as normas de comportamento não violento.
No último dia da semana passada, o Vasco teve duas importantes reuniões que podem contribuir para o acordo do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Procuradoria Geral de Justiça. O clube, junto com representantes da SAF e da Associação, participou de uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para discutir a reabertura de São Januário.
Durante o encontro, que contou com a presença de deputados, representantes do Batalhão Especializado em Policiamento nos Estádios (Bepe), do Corpo de Bombeiros e da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), o comandante do Bepe enfatizou que o Cruz-Maltino possui o laudo de segurança que permitiria, pela parte da PM, a realização de jogos no local.
“Com base no laudo de segurança já emitido, podemos afirmar que a Polícia Militar tem condições de garantir a segurança em São Januário. É uma situação (interdição) que nos deixa desconfortáveis”, afirmou o comandante do Bepe, Tenente Cel. Ferreira, seguido pelo representante dos Bombeiros:
“No que se refere à segurança contra incêndio e pânico no estádio, o Corpo de Bombeiros, depois dos apontamentos feitos na sexta-feira (8), não tem nenhuma objeção em relação a um evento”, afirmou o subdiretor de Serviços Técnicos do CBMERJ, tenente-coronel Pablo Ribeiro.
Na última semana, o Vasco teve uma reunião com o Procurador Geral de Justiça, Luciano Mattos, e apresentou uma proposta de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com uma série de medidas que já tomou e pretende tomar para melhorar a estrutura e a segurança de São Januário, como o aumento no número de catracas, implementação do acesso com biometria e reconhecimento facial e aumento na quantidade de câmeras dentro do estádio. A PGJ está analisando a proposta do Vasco e uma nova reunião deve ser agendada para esta semana.
“A perda na receita dos comerciantes e ambulantes de toda uma região é muito preocupante. Esperamos que, por meio do trabalho da Alerj, possamos chegar a um acordo com o Ministério Público, pois é do interesse do Vasco colaborar com as autoridades para garantir mais segurança nas praças esportivas”, afirmou o vice-presidente do Vasco, Carlos Roberto Osório.
O Vasco espera obter autorização para a entrada de público em São Januário para o jogo contra o Coritiba, no dia 21 de setembro, pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. Antes disso, o Cruz-Maltino enfrenta o Fluminense no clássico no próximo sábado (16). Com o Vasco como mandante, a partida será realizada no Nilton Santos.
Vasco assume compromisso com torcidas organizadas pela liberação de São Januário
Nesta última segunda-feira, o Vasco também se reuniu com representantes das torcidas organizadas do clube. No encontro, realizado em São Januário, os torcedores assinaram um documento comprometendo-se a seguir as normas estabelecidas pelas autoridades públicas, que incluem respeito, igualdade, inclusão, transparência, não violência, preservação da história, dos valores, do patrimônio e das conquistas do Vasco da Gama. De acordo com o Vasco, o documento será encaminhado ao Ministério Público.
Entre os compromissos assumidos pelas torcidas organizadas estão:
Promover e incentivar que todas as atitudes dos membros sejam orientadas pelos seguintes princípios: não violência, respeito às normas e autoridades públicas, respeito, igualdade, inclusão, transparência, conformidade com a legislação vigente, preservação da história, dos valores, do patrimônio e das conquistas do Vasco da Gama;
Respeitar o Estatuto Social do Vasco da Gama, as normas vigentes, as orientações dos órgãos públicos e as políticas internas aplicáveis e determinadas pelo Vasco da Gama;
Cumprir todas as determinações, regulamentações e/ou normas oriundas do Vasco da Gama e/ou dos órgãos públicos com o objetivo de maximizar a segurança nos jogos de futebol;
Informar ao Vasco da Gama qualquer violação às leis em vigor, às políticas internas do clube ou ao conteúdo do referido compromisso de conduta ética coletiva, bem como identificar os membros que possam ser responsabilizados por atos que resultem em punições esportivas, civis ou criminais ao Vasco da Gama.
Auxiliar o Vasco da Gama e os órgãos públicos no combate e na prevenção de atos violentos, cambismo e quaisquer outras práticas contrárias à legislação em vigor.
Entenda as penalidades sofridas pelo Vasco
Desde o tumulto na partida contra o Goiás, pelo Campeonato Brasileiro, no final de junho, o Vasco tem enfrentado penalidades esportivas e judiciais. O Vasco foi punido pelo STJD com quatro jogos sem a presença de público – pena já cumprida. Além disso, com base em uma decisão controversa e fundamentada em um relato preconceituoso de um juiz, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro inicialmente proibiu o Estádio de São Januário de sediar qualquer tipo de evento esportivo. Em seguida, a Justiça permitiu a realização de jogos no local, porém sem a presença de público. O clube recorreu e estava confiante de que conseguiria permissão, mas na última quinta-feira, o TJ manteve a proibição em relação à presença de público. Isso significa que São Januário está fechado para a torcida há 76 dias.
Depois de a proibição de público em São Januário ser mantida, o Vasco intensificou seus esforços e lançou um manifesto criticando a decisão e exigindo a liberação do estádio. Além disso, no último domingo, durante o jogo contra o Bahia, na Arena Fonte Nova, milhares de torcedores do Vasco se reuniram em São Januário para acompanhar a partida e manifestar seu desejo de que a Colina voltasse a receber torcedores. Em seguida, o clube também recebeu o importante apoio da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que manifestou a favor da liberação do estádio.
Fonte: Trivela