Anunciado recentemente como novo CEO da SAF do Vasco, Carlos Amodeo desembarcou no Rio de Janeiro discretamente, porém com vasta experiência no universo do futebol e uma série de desafios pela frente no clube.
Turbulência no Coritiba e reconstrução no Grêmio
A última passagem do advogado por um clube foi tumultuada. Sua saída do Coritiba, no dia 2 de julho, foi resultado de uma decisão em conjunto com a Treecorp Investimentos, detentora de 90% das ações da SAF do Coxa. Durante o período em que esteve lá, Amodeo enfrentou um desgaste interno crescente. Permaneceu no clube por um ano.
A falta de resultados expressivos, frente a promessas e expectativas de maior protagonismo, foi um dos motivos que contribuíram para sua saída. A administração da SAF considerou negativa a formação do elenco, que ficou sob responsabilidade do CEO até a contratação de William Thomas como diretor executivo e head esportivo. Criticado pela torcida, o novo dirigente vascaíno se afastou da gestão do futebol do Coritiba e viu sua influência ser reduzida nos bastidores.
Antes de sua passagem pelo Coxa, Amodeo teve participação marcante no Grêmio, onde atuou ao longo de cinco anos. O executivo foi o principal responsável pela reestruturação financeira do Tricolor, recebendo o título de melhor CEO de clube do Brasil em duas ocasiões consecutivas.
Sob sua gestão, o Grêmio conquistou títulos importantes, como a Libertadores, a Copa Sul-Americana e o Campeonato Gaúcho por cinco vezes. No entanto, o CEO também foi testemunha do rebaixamento do clube em 2021.
Com Amodeo à frente, o clube apresentou superávit na maior parte da gestão do então presidente Romildo Bozan. Entretanto, em 2022, com a queda para a Série B, o cenário mudou para um déficit.
Desafios no Vasco
Carlos Amodeo chega ao Vasco em substituição a Lúcio Barbosa, indicado como CEO pela 777 Partners. Sua contratação foi realizada pelo presidente Pedrinho, responsável pela gestão da SAF do Vasco. Confira os principais desafios que o advogado enfrentará no clube de São Januário:
Aumento das receitas
Uma das metas prioritárias do Vasco é alcançar a autossustentabilidade financeira. Atualmente, o clube depende de aportes financeiros para sua manutenção. A perspectiva é que essa realidade se mantenha nos próximos anos, tornando crucial a busca por novos investidores e o desenvolvimento de estratégias que potencializem a geração de receitas, a fim de que a SAF possa operar autonomamente num futuro próximo.
Reestruturação das dívidas
Outro desafio relevante é agilizar o pagamento das dívidas. O passivo identificado aumentou de R$ 594 milhões em 2022 para R$ 601 milhões em 2023, conforme o último balanço divulgado.
O grande obstáculo consiste em reduzir o custo dessas dívidas, por meio de negociações que possibilitem descontos, diminuição dos juros e ampliação dos prazos. Do montante de aproximadamente R$ 700 milhões assumidos pela SAF, apenas R$ 210 milhões foram quitados até o momento – sendo R$ 90 milhões em 2022 e R$ 120 milhões no ano passado. No entanto, em termos de atualizações e correções, a redução efetiva é de apenas R$ 60 milhões.
Programa de sócio-torcedor
O Sócio Gigante passou por alterações no início do ano anterior, mas o Vasco reconhece a necessidade de aprimorar o programa e atrair mais associados. A chegada de Philippe Coutinho resultou em um aumento significativo no número de filiados ao clube. Portanto, é imprescindível reformular o programa para aprimorar os benefícios oferecidos e atrair maior adesão.
Reformulação do setor comercial
Uma das primeiras medidas de Amodeo foi a contratação de um novo diretor comercial, posição que estava vaga desde novembro do ano passado. O Vasco fechou acordo com Renato Lassmann El Kobbi, ex-integrante do Cruzeiro, para ocupar o cargo.
Cabe ao CEO e ao novo diretor reestruturar o setor e aprimorar a posição comercial do Vasco, visto que esse departamento desempenha papel fundamental no aumento das receitas.
Reforço da imagem do clube no mercado
Amodeo terá o desafio de revitalizar a imagem prejudicada pelos antigos CEOs Luiz Mello e Lúcio Barbosa. Atrasos nos pagamentos a clubes e empresários causaram má impressão, sendo essencial que o Vasco solucione essas pendências para modificar sua reputação no mercado.
Alguns clubes, inclusive, cogitaram recorrer à Fifa para exigir o pagamento de parcelas em atraso referentes a aquisições de jogadores. Ao assumir o controle da SAF, o presidente Pedrinho deparou-se com os cofres da empresa vazios. Portanto, há a necessidade de aprimorar a transparência na gestão das informações financeiras do clube.
Fonte: ge