Hoje em Portugal, Caio Lopes deixou o Vasco em janeiro de 2022 para a surpresa de muitos torcedores, já que foi destaque da base por muitos anos. Ele não teve o contrato renovado. Fora de campo, no entanto, de certa forma deixou sua marca na única temporada como profissional no clube.
O base à desculpa LGBTQIA+
À reportagem do ge, ele lembrou os bastidores da polêmica que envolveu o portanto zagueiro Leandro Castan. Em junho de 2021, o Vasco venceu o Brusque por 2 a 1 em São Januário, pela Série B do Brasileirão, em jogo de estreia do uniforme que fazia referência ao mês do Orgulho LGBTQIA+. A camisa com as cores do arco-íris na tira transversal caiu nas graças da torcida, mas não agradou a todos no clube.
Na véspera da partida, o zagueiro Leandro Castan, na era capitão do time, disse, em seguida o jantar da delegação, que não se sentiria confortável vestindo o uniforme. Caio, na era com 20 anos, se posicionou favorável à desculpa que o Vasco abraçava.
– O Vasco sempre foi um clube de fazer ações de inclusão desde os seus primórdios e ali eu senti a premência de falar e ter mais uma opinião dentro do grupo, que eu era em prol da revelação. O Vasco é um clube que reforça e tem relação com a inclusão. Para mim, é uma taxa que vem crescendo e tem que crescer muito mais. Futebol é para todos – lembrou Caio, que ainda completou:
– Não há porque ter qualquer tipo de exclusão ou um clube não poder levantar essas bandeiras, principalmente contra o racismo, contra a homofobia… O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+. Acho que o futebol tem que crescer cada vez mais nesse movimento, e o Vasco também, por ser pioneiro nisso. Eu vi ali a premência de dar a minha opinião, por ser do clube, ter desenvolvido no clube, eu acho que foi importante.
Caio Lopes teve o base de outros colegas. No jogo, o atacante Germán Canudo, ao marcar o primeiro gol vascaíno, celebrou erguendo a bandeira de escanteio, personalizada também com as cores do arco-íris. A imagem ganhou o mundo.
A saída do Vasco
Caio Lopes deixou São Januário em janeiro de 2022 em seguida disputar unicamente uma temporada como profissional e entrar em campo 22 vezes. Com passagens pelas seleções de base e desportista badalado da base do Vasco nos últimos anos, o volante queria seguir no clube, mas entendeu o movimento como um pouco procedente do mundo do futebol.
– Eu não sei o que aconteceu. Acredito que tenha sido uma escolha técnica, de montagem de elenco naquele ano para a Série B, enfim. É do jogo, é do futebol. Eles não tinham interesse na minha renovação – disse o jogador, que acrescentou:
– Ninguém era obrigado (a renovar). Eles optaram por isso e não me arrependo de zero, foi uma história formosa. Muitas coisas que eu pude ajudar o Vasco ali na base. Foram poucos momentos no profissional, mas foram felizes também. Foi um acerto tranquilo, até quando precisei de qualquer tipo de documentação para eu poder ir para a Espanha e jogar no Leganés eles não criaram nenhum tipo de problema.
No ano seguinte, em seguida não ter o contrato renovado pelo Vasco, Caio se transferiu para o Leganés, da Espanha. Ficou por lá até o término de 2022 e, nesta temporada, está no Felgueiras, de Portugal.
ge: Você atuou por uma temporada no futebol espanhol. Como acompanhou os episódios de racismo contra Vini Jr., seu compatriota?
Caio Lopes: Me assustou um pouco o quanto eu ouvi sobre isso com relação aos espanhóis. Algumas pessoas e uma grande parte da população, acredito eu, não viram nenhum problema ou entenderam ser zero de mais os cantos e às repercussões na TV. Portanto me surpreendeu um pouco. Quando eu dava a minha opinião, a resposta das pessoas me assustou. Eu vi ali uma sociedade que ainda tem muitos problemas com relação a isso, com pessoas que vêm de fora. Me assustou as pessoas buscando uma forma de tutelar todas as falas racistas contra o Vini.
Você jogou algumas vezes com São Januário lotado. Quão importante é para os jogadores viverem a atmosfera do estádio com a torcida apoiando?
São Januário é uma arma que o Vaco tem. É um estádio histórico que tem uma atmosfera única. Quando joga com o estádio pleno é muito difícil de lucrar do Vasco, e eu acredito que todos os jogadores devem sentir isso. Eu nunca joguei contra o Vasco com São Januário lotado, mas imagino como deve ser. É uma pressão muita grande, a torcida vem empurrando e nesse momento que o Vasco vem passando pode ser uma das armas mais importantes botar pressão ali na Barreira, no caldeirão e o Vasco poder transpor dessa situação.
Gabriel Pec é um cria da base que vem fazendo a melhor temporada da carreira. Como é a relação de vocês? E como se sente vendo outro garoto da base indo muito no profissional?
É meu irmão. A gente tinha uma relação muito, muito boa. Até porque na Despensa do Brasil de 2020 foi quando a gente desceu do profissional junto e conseguiu ocupar o título da Despensa do Brasil e dois Cariocas. A gente concentrava junto e eu fico muito feliz por ele. É um menino que sofreu bastante no início da carreira e que soube trabalhar. Nunca perdeu a cabeça, nunca deixou de trabalhar. Ele sabia que tinha qualidade e agora está podendo ajudar jogando em basta nível em uma Série A. Com o clube mais estruturado, os bons jogadores sempre vão romper e ele é um deles. Fico muito feliz por essa temporada que ele vem fazendo.
Quais os episódios que mais te marcaram na passagem pelo Vasco?
O que mais me marcou foi no sub-20. Aquela campanha que fizemos em 2019 foi um abre-alas daquela geração de base, que todo mundo começou a escoltar um pouco mais. Poucos conseguiram jogar no profissional, mas na base foi muito importante para a gente. A gente chegou na final da Copinha e perdeu para o São Paulo. O segundo momento, também na base, foram os quatro títulos no último ano do sub-20, que eu voltei do profissional com o Pec e a gente conquista os três Cariocas e a Despensa do Brasil, que o clube ainda não tinha conquistado.
No profissional foi o meu primeiro gol, em São Januário. Queria que pudesse estar com estádio pleno, mas não estava, infelizmente. Contra a Ponte Preta foi também a minha estreia em São Januário como titular, portanto esses momentos com certeza marcaram.
Agora você joga em Portugal. O que te levou à decisão de transpor da Espanha para jogar a terceira liga portuguesa?
No Leganés eu tive um contrato longo, mas com a troca de donos do clube, de mentalidade e de prioridade deles, eu preferi trocar. A gente entrou em um acerto amigável também e surgiu a oportunidade de vir para o Felgueiras. A Liga 3 tem desenvolvido bastante, é muito vista, muito organizada. O clube tem o projeto de subir, tanto que estamos em cima na competição. Ainda estou me adaptando, tenho um pouco mais de um mês no país. Acabei de chegar e o time já estava pronto, mas feliz com a oportunidade de poder jogar em mais um país, saber mais uma cultura na Europa e agora é esperar o transcurso da temporada para que a gente consiga o entrada e que tudo corra muito.
Fonte: ge
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