As investigações revelaram que o celular do irmão de Bruno Henrique continha mensagens que comprometem o jogador, ligando-o a um esquema de apostas. Assim, Bruno foi indiciado por estelionato e fraude.
Analisando 3.989 mensagens do WhatsApp de Bruno Henrique, muitas estavam vazias ou apagadas, o que levanta suspeitas de que o jogador tenha deletado parte do conteúdo. Entretanto, a PF confiscou o aparelho do irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, onde encontraram conversas que demonstram o envolvimento de Bruno Henrique em um plano para receber um cartão amarelo durante a partida contra o Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023.
Em mensagens trocadas em 29 de agosto, Wander pergunta a Bruno se ele está “pendurado” no Brasileirão. Bruno confirma: “Sim”. Wander então responde brincando sobre quando ele poderia receber o terceiro cartão amarelo, e Bruno revela que seria “Contra o Santos”. A conversa prossegue com Wander indicando que vai “guardar o dinheiro para investimento com sucesso”.
Para a PF, as mensagens indicam que Bruno Henrique forneceu ao irmão informações sobre quando seria o recebimento do cartão amarelo no jogo. Um trecho que chamou a atenção dos investigadores foi quando Bruno questiona se Wander conseguiria aguardar até a data estipulada sem receber um cartão. Wander respondeu que se o irmão não “entrasse forte em alguém”, estava planejando apostar.
Veja:
Dentre os dez envolvidos no esquema de apostas, a PF categorizou os apostadores em dois grupos. O primeiro incluiu três pessoas da família de Bruno Henrique:
- Wander Nunes Pinto Junior (Irmão) – Apostou R$ 380,86 e recebeu R$ 1.180,67 (jogo contra o Santos)
- Ludymilla Araújo Lima (Cunhada) – Apostou R$ 380,86 em uma plataforma e R$ 500,00 em outra, recebendo R$ 1.180,67 e R$ 1.425,00, respectivamente (jogo contra o Santos).
- Poliana Ester Nunes Cardoso (Prima) – Apostou R$ 380,86 e não obteve retorno (jogo contra o Santos).
O segundo grupo era formado por seis apostadores independentes.
Em uma troca de mensagens de 7 de outubro, Bruno Henrique pergunta a Wander se ele consegue transferir um valor elevado via Pix, sugerindo que precisam fazer apostas. Ele menciona a necessidade de R$ 10 mil para participar do esquema regularmente.
Wander também fez perguntas específicas sobre a possibilidade de Bruno tomar um cartão amarelo, ao que ele responde que não, pois já tinha recebido um. Isso ocorreu em uma partida entre Flamengo e Corinthians, onde Bruno realmente recebeu um cartão amarelo.
Além disso, os diálogos indicam que Bruno Henrique havia organizado um esquema em que seu irmão poderia intermediar apostas, embora tenha alertado que a quantia necessária era alta.
As investigações começaram após um levantamento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e um alerta da International Betting Integrity Association (IBIA) sobre apostas suspeitas na partida contra o Santos, que ocorreram em 1º de novembro de 2023.
Embora Bruno Henrique não tenha um histórico de manipulação de jogos, a combinação de suas ações em campo e as apostas atípicas levantaram preocupações que levaram ao alerta da IBIA.
O Metrópoles contactou a assessoria do jogador, que preferiu não se pronunciar até o momento.