Atualmente, o time realiza seus treinos no CT do Vasco em Duque de Caxias e todas as atletas têm registro em carteira e contrato profissional.
As Meninas da Colina estão nas quartas de final da Série A3. Elas aguardam o vencedor do confronto entre Brasil de Farroupilha x Coritiba, que acontecerá nos dias 8 e 15 de junho, para saber quem será o próximo adversário. Se avançarem para a semifinal, o Vasco garantirá vaga na Segunda Divisão do Brasileirão.
Na quarta-feira, o clube promoveu a primeira coletiva de imprensa com as jogadoras. Índia, Lidy Nascimento e Mavi conversaram com os jornalistas em São Januário. As duas primeiras estão no Vasco há mais tempo e testemunharam as transformações na modalidade.
– Devido ao tempo que estou aqui, compartilho com as jogadoras mais novas minhas experiências e as incentivo. A queda foi difícil, mas mostrar a elas que as coisas melhoraram as deixa mais confiantes. Agora temos registro em carteira, antes jogávamos por paixão. Era por paixão, infelizmente tenho que admitir. O profissionalismo é fundamental – afirmou Índia.
Índia chegou a São Januário em 2020 e construiu uma forte ligação com o clube. Ela passou pelos momentos complicados nos últimos anos e é uma das líderes de um elenco com muitas caras novas. No ano passado, ficou marcada por rasgar uma pipa personalizada do Flamengo que caiu no gramado durante um jogo contra o Serra Macaense (veja abaixo).
No clube desde 2022, Lidy Nascimento é capitã e uma jogadora versátil para a técnica Verônica Coutinho. Volante de origem, ela tem atuado como zagueira e em outras posições.
Maria Vitória, de 25 anos, chegou ao Vasco nesta temporada e conquistou a torcida. A Princesinha da Colina é a maior goleadora da equipe e se inspira em Vegetti. Ela até já imitou a comemoração do Pirata e teve a oportunidade de encontrar o atacante argentino em São Januário.
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O Vasco foi rebaixado em 2022 e não conseguiu retornar em 2023. Este ano está sendo diferente, com a equipe desempenhando bem e obtendo resultados. O que mudou?
Índia: estamos em constante evolução. Já passei por diversas fases e esta está sendo uma das melhores em todos os aspectos. A mudança foi proporcionar melhores condições de trabalho para nós. Valorizar todas as atletas que permaneceram e as que chegaram. Todas com registro em carteira, o profissionalismo. Esses são os elementos-chave para todo esse sucesso, além do trabalho realizado.
Lidy Nascimento: estou aqui desde 2022, estive presente quando o Vasco foi rebaixado, infelizmente. Participei de todos os jogos. Tive uma lesão no joelho no mesmo ano, retornei ao final de 2023, retornei bem, focada e com um único objetivo: conquistar o acesso e sair daqui deixando o Vasco no mínimo no mesmo lugar que estava quando cheguei. Ver o crescimento da modalidade este ano traz uma felicidade imensa, pois as meninas que estiveram antes passaram por dificuldades, vivi uma fase complicada e nada mais justo do que retribuir dentro de campo.
(Mudou) nosso ambiente interno, principalmente. Com a equipe, comissão técnica, a parte que não é visível. Isso foi fundamental para que bons jogos e bons resultados aconteçam dentro de campo. Nossa harmonia e união.
Índia, qual é a sua visão sobre a visibilidade e integração com o futebol masculino? (a atleta participou do lançamento do novo patrocinador máster do Vasco).
– Foi ótimo, eles são receptivos, tivemos uma ótima interação com eles. É muito importante estarmos juntos com o time masculino para o futebol feminino ganhar destaque, para mostrar que existimos. Tudo é uma questão de resultados, quase inevitavelmente, com bons resultados ganhamos mais visibilidade.
Vocês têm desenvolvido uma relação de identificação com o clube. Índia e Lidy são lideranças, Mavi se encaixou muito bem no time…
Índia: estamos trabalhando com afinco, uma pelas outras. Conversamos o tempo todo para tentar manter o ânimo, é essencial manter o foco, permanecer unidas. Jogar pelo Vasco é realizar sonhos não apenas meus, mas também da minha família e de outras meninas. Se subirmos, muitas oportunidades se abrirão.
Lidy: a braçadeira para mim é apenas um acessório. É necessário haver uma capitã, mas todas têm sua liderança dentro do grupo. Não é porque eu uso a braçadeira que deixarei de ouvir uma jogadora de 18 anos. Ela tem algo a aprender comigo e eu tenho muito a aprender com ela, e assim evoluímos como um todo.
Mavi: acima de tudo, a humildade é de extrema importância, o reconhecimento que a equipe me dá é muito gratificante. O apoio da minha família, a integração do grupo nos traz tranquilidade para realizarmos bons jogos. Estou muito feliz, agradeço a Verônica pela oportunidade que me concedeu. A responsabilidade é fundamental, sabemos que estamos jogando em um clube de grande expressão, é necessário ter isso em mente para dar o melhor nos treinos e nos jogos. Espero contribuir significativamente para o Vasco.
Lidy, você é uma peça versátil dentro de campo. Como consegue manter-se tão equilibrada? E o que pensa sobre a evolução física da equipe?
– Tem mais a ver com a compreensão do jogo, se você estuda o jogo como um todo, consegue se sair bem em qualquer posição em que o treinador opte por te colocar. Sou volante de origem, mas busco dar o meu melhor e estou pronta para atuar em qualquer posição necessária.
Estamos trabalhando tanto a parte física quanto a alimentação. Nosso trabalho com a Cássia (Cássia Gouvêa, preparadora física contratada em 2024) tem sido muito positivo. Observamos a evolução física a cada partida, o que nos auxilia nos treinamentos e nos jogos.
Mavi, são oito gols em quatro jogos do Brasileirão. O torcedor pode esperar mais? Você tem uma meta?
– Acredito que ainda é pouco (risos), sei que posso dar mais e estou trabalhando para isso. Minha meta é superar a artilheira do ano passado.
No ano passado, a maior goleadora da Série A3 foi Bia Batista, do Mixto, com 10 gols. Mavi tem pelo menos mais dois jogos para ultrapassar essa marca. O Vasco tem realizado amistosos enquanto aguarda a próxima fase e está ansioso para iniciar as quartas de final no fim deste mês.
Fonte: ge