– É complicado, pois, como atletas, sempre buscamos superar os limites do nosso corpo. Nós sacrificamos muitas coisas para estar em quadra, mas chega um ponto em que a conta começa a aparecer. O físico tem falado mais alto, tem dias em que é difícil até sair da cama. Sinto muitas dores, e isso acabou me levando à conclusão de que era o momento de parar – refletiu Marquinhos, que atuou como comentarista de basquete na Sportv durante as Olimpíadas.
Marquinhos – Vasco e Flamengo – NBB — Foto: Mauricio Almeida/R10 Score Vasco
Sendo o maior pontuador do Vasco na abertura da competição, com 14 pontos na disputa contra o Flamengo, o ala não escondeu sua insatisfação pela derrota, que terminou em 50 a 59, no ginásio do Tijuca Tênis Clube, e prometeu que a equipe se reerguerá.
– Essa partida foi muito abaixo do que podemos render, não só eu, mas a equipe toda. Foi atípica. Temos jogadores importantes que vão conseguir fazer a diferença em relação ao ano passado. Com certeza, vamos melhorar bastante ao longo do campeonato e encontrar o entrosamento necessário – afirmou.
Marquinhos cumprimenta os fãs depois da partida de estreia do NBB — Foto: Priscilla Basilio
O carioca foi contratado pelo Vasco na volta da equipe ao torneio na temporada 2023/24. Esse convite teve um significado especial, pois, apesar de ter passado a maior parte de sua carreira no Flamengo, durante nove temporadas, ele já havia atuado pelo Cruz-maltino em 2003, quando jogou o Brasileiro.
Marquinhos refletiu sobre o valor emocional de se despedir pelo Vasco e relembrou como foi recebido por Hélio Rubens – ex-técnico da seleção brasileira e pai de Helinho, atual técnico do Franca – que o apoiou no início da carreira.
– O Vasco é um clube que guardo com carinho, pois foi lá que Hélio Rubens (ex-Vasco e ex-seleção) acreditou em mim e me deu a chance de jogar. Então, pensei em voltar pra casa, onde tenho muitos amigos como o Gegê, o Léo, o Humberto, o Gustavo, por isso escolhi aceitar essa oportunidade de jogar em casa – declarou.
Marquinhos é cestinha da equipe em partida de estreia pelo NBB — Foto: Priscilla Basilio
O anúncio de sua aposentadoria, feito na última sexta-feira (11), não foi surpresa para o time, que já percebia que Marquinhos estava refletindo se era a hora de encerrar a carreira. Após tomar a difícil decisão, ele achou que seria emocionante jogar uma temporada final, se despedindo de cada arena onde deixou sua marca.
– Eu estava naquela dúvida de ‘continuo ou não?’. Então pensei: ‘acho que é a hora de voltar para mais uma temporada, passar por todos os locais onde joguei no NBB, nesses ginásios que eu amo, e agradecer por tudo que o basquete me proporcionou’ – recordou.
Marquinhos iniciou sua trajetória no basquete aos 12 anos, na escola. Sempre se destacando, ele foi convidado a treinar no Monte Líbano, em São Paulo. Após três anos, foi para o Corinthians, onde fez sua primeira cesta. Com passagens pela seleção brasileira e também pela NBA, aos 40 anos, o carioca é um verdadeiro ícone do NBB. Ele é o segundo maior pontuador da liga e o único jogador a ser eleito MVP em três temporadas.
Quando perguntado sobre como sua vasta experiência em quadra pode influenciar seus companheiros, Marquinhos se sente inspirado e privilegiado por jogar ao lado de atletas de diferentes gerações.
– A determinação deles em vencer é algo que me motiva e me faz querer acordar no dia seguinte após o jogo, treinar e seguir firme na rotina. Quero aproveitar essa energia para ajudá-los nesta temporada e, quem sabe, juntos chegarmos a uma semifinal ou final de campeonato – disse, empolgado.
Ainda com muitos jogos de despedida pela frente, Marquinhos ainda não tem planos concretos para o que vem depois. Porém, deixou pistas sobre uma possível trajetória. Depois de atuar como comentarista de basquete nas Olimpíadas de Paris, ele está considerando seguir ligado ao esporte, mas fora das quadras.
– Minha experiência nas Olimpíadas foi algo inesperado, mas que amei fazer. Trabalhei com Dinei, Marcelinho, Pedro Maia, foi muito legal. Quem sabe? É uma porta que está aberta. No futuro, talvez eu pense nisso – finalizou.
Marquinhos e Gui Deodato – Vasco e Flamengo – NBB — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo
Fonte: ge
