Nascido e criado em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, MT está de férias em sua cidade natal desde o início do mês, mas retorna neste sábado para Portugal para se reapresentar. Ele se prepara para sua terceira temporada consecutiva na Europa.
Recentemente adquirido em definitivo pelo Santa Clara (com parte dos direitos econômicos pertencentes ao Vasco para futuras transferências) e com contrato de quatro anos, MT tem grandes objetivos.
– Estou mirando algo ainda maior, se Deus quiser. Preciso estabelecer metas elevadas. Sonhar não custa nada (risos) – revelou em conversa com o ge, antes de compartilhar um dos seus maiores sonhos:
“Ah, disputar uma Champions League”.
Destacado desde as categorias de base como um jogador versátil, MT chegou ao Santa Clara como camisa 10, atuou principalmente como falso 9, mas acabou se consolidando como lateral-esquerdo, posição que já havia ocupado no Vasco.
Atualmente, se considera um lateral-esquerdo de formação, não mais improvisado. Foi nessa posição que contribuiu com duas assistências, contra Porto B e Mafra, sendo crucial na reta final da campanha vitoriosa do Santa Clara.
– Eu comecei atuando como 10, joguei uns três jogos. Em determinado momento, os dois laterais se lesionaram e não havia jogadores na posição. Vieram até mim: “Lembro de você atuando no Vasco, já jogou de lateral. Poderia atuar nessa posição?”. Respondi: “Claro, estou à disposição”. Gradualmente fui me adaptando ao estilo de jogo, me empenhando, aprimorando – explicou.
– Tive que abraçar a oportunidade. Quando surge a chance de jogar, é o desejo de todo jogador. Devemos dar o nosso melhor – completou ele, que integra o elenco do Santa Clara ao lado de diversos compatriotas brasileiros, incluindo o goleiro Gabriel Batista, ex-Flamengo.
– Depende da sua determinação, da vontade de se dedicar. Eles depositaram confiança em mim e me auxiliaram fora de campo, o Klauss (Câmara, CEO) e o Bruno (Vicintin, proprietário do clube). Eles conversaram comigo, demonstrando confiança em meu trabalho. A parte tática era o grande desafio para mim. Jogar era o menor obstáculo, mas a tática, a organização defensiva, o apoio ao ataque, isso me exigiu. E eles foram fundamentais em minha evolução nesse aspecto – concluiu.
“Precisei me adaptar”
MT iniciou sua trajetória no futsal e quase não teve experiências no futebol de campo durante sua formação. Estreou no cenário profissional no Fluminense, depois passou pelo Volta Redonda e chegou ao Vasco no último estágio de sua formação, sempre atuando como meio-campista.
Em 2021, estreou no time principal do Vasco sob o comando de Marcelo Cabo. Inicialmente posicionado mais adiante no meio-campo, onde se sentia confortável, posteriormente foi recuado até fixar-se na lateral esquerda.
– O primeiro ano foi de muito aprendizado, atuava como falso 9 na equipe sub-20, quase um atacante, e no profissional fui deslocado para a lateral. O futebol profissional é completamente distinto da base, então foi um desafio muito grande. Tive que me adaptar. Acabei me fixando como lateral. Naquele momento, eu não possuía conhecimento algum, nunca havia jogado na posição, apenas de forma esporádica na base – comentou.
“Foi um desafio intenso”, acrescentou.
No início da Série B, ele foi titular e marcou o gol da vitória contra o Confiança em São Januário, sendo esse seu único gol marcado como profissional até hoje. Contudo, a temporada do Vasco em 2021 foi decepcionante, já que a equipe não conquistou o acesso à elite do Brasileirão. Nenhum jogador escapou ileso das críticas da torcida, e o episódio em que foi flagrado em uma festa em Cabo Frio sem autorização do clube contribuiu para o desgaste.
Apesar disso, seu passe foi adquirido em definitivo com parte do montante recebido pelo clube na venda de Talles Magno – até então, MT estava apenas emprestado.
“Não desejava sair dessa forma”
Desgastado com a torcida, MT vivenciou um acontecimento marcante em um jogo do Vasco contra o Madureira, no Estádio de Conselheiro Galvão, em fevereiro de 2022: foi atingido por um copo de cerveja arremessado pela própria torcida enquanto se dirigia ao vestiário. Naquela partida, ele sequer entrou em campo.
– Eu estava saindo em direção ao vestiário, mas o copo não chegou a me atingir diretamente. Ele caiu no chão e respingou cerveja em mim – recordou MT, que estava acompanhado de Gabriel Pec no momento.
– Inicialmente, fiquei abalado (com as críticas), é complicado. Já é desafiador atuar no Vasco. Após os problemas ocorridos, ser alvo de críticas… Natural para um jogador, mas a intensidade das críticas inicialmente me afetou. Porém, fui aprendendo a lidar com a situação, precisei agir para transformar, procurar evoluir. Isso foi fortalecendo meu psicológico. As críticas serviram para me tornar mais resiliente – afirmou.
Em agosto de 2022, MT foi transferido para o Santa Clara. Inicialmente emprestado por um ano, o clube português acionou a cláusula e estendeu o empréstimo ao término do contrato. Sua última partida pelo Vasco foi na vitória por 4 a 0 sobre o CRB em 28 de julho, quando entrou em campo faltando quatro minutos para o fim da partida.
Ao final, MT lamenta as poucas oportunidades recebidas no clube que o revelou e assegura ter aprendido com as críticas.
“Poderia ter feito algo diferente, claro. Não queria sair dessa forma”.
– Entretanto, acredito que na vida as coisas acontecem para nos ensinar, seja de maneira positiva ou negativa. Precisamos encarar tudo como aprendizado. Se isso não tivesse ocorrido naquela época, talvez eu não estaria hoje no Santa Clara, não seria campeão. Algumas vezes me pego imaginando: “E se eu tivesse agido de forma diferente?”. Contudo, não podemos ter certeza. Tudo na vida nos traz lições, aprendi muito para me tornar um jogador e um ser humano melhor – finalizou.
Fonte: ge