O Vasco encontrou, na noite da última quinta-feira, o adversário mais difícil – em questão de qualidade – das dez (agora nove) rodadas que faltam para o fim do Campeonato Brasileiro. Começou perdendo a sequência de finais que terá na briga pela permanência para a Série A. A derrota por 2 a 1 para o Internacional não é de terra arrasada, mesmo sendo em São Januário. Mas o comportamento do time é sinal de alerta para o técnico Ramón Díaz.
A escalação foi a mesma do jogo contra o Flamengo, mas com uma mudança tática que ajuda a explicar o porquê de o Vasco ter feito seu pior primeiro tempo desde a chegada de Ramón Díaz. O treinador optou por um 4-3-1-2, com Vegetti e Gabriel Pec à frente de Payet, na formação em que o francês jogou mais centralizado desde que foi contratado.
A estrutura sem os pontas, como o time vinha funcionando, não deu certo. O Vasco não conseguiu pressionar a saída de bola do Inter com Vegetti, Pec e Payet. Coube ao trio de volantes – Zé Gabriel, Praxedes e Paulinho – subirem para fazer a pressão. Isso gerou espaços, e o Colorado, na qualidade de Maurício e principalmente Alan Patrick, aproveitou. Bastou uma chegada ao ataque para marcar o gol em jogada trabalhada justamente pelos dois meias. A área vascaína estava totalmente desprotegida.
O gol desencadeou a bagunça no sistema tático do Vasco, de uma forma que ainda não tinha se visto sob o comando de Ramón Díaz. Sem a referência dos pontas, Paulinho e Praxedes foram nulos na construção. O time não conseguiu trocar passes curtos e perdeu o ímpeto de Gabriel Pec, apagado em campo. As movimentações ofensivas não aconteceram, e a equipe vascaína foi dominada pelo Inter. Ficou na roda.
– Não fomos tão precisos no jogo, foi tudo muito dinâmico e muito desordenado. Precisamos trabalhar porque é uma situação muito delicada. Precisamos ter mais tranquilidade para gerar um futebol melhor – reconheceu o treinador vascaíno.
Ramón reconheceu o equívoco não apenas na coletiva pós-jogo, mas ainda com a bola rolando fez mudança que mexeu com o ânimo do Vasco. Pouco antes do intervalo, o time voltou para o esquema com dois atacantes abertos – no caso, Pec e Payet foram os escolhidos.
O Vasco voltou melhor para o segundo tempo. A pressão, que antes não havia encaixado, voltou a funcionar. Nos primeiros minutos só deu o time da casa, que por pouco não empatou em cabeceio de Vegetti, aos 11 minutos, defendido por Rochet.
Mesmo melhor, o Vasco já havia sofrido o gol, o que alterou a dinâmica do jogo. Quando tinha a posse, o Inter fazia a bola circular para atrair o adversário e apostar na bola longa. Foi assim que, aos 13, fez o segundo gol. Léo perdeu o duelo físico com Enner Valencia e afastou mal quando teve a chance. Entregou na boa para Bustos, que achou o camisa 13 na área para finalizar.
Diferentemente de quando sofreu o primeiro gol, o Vasco foi valente no segundo tempo. Aproveitou as mexidas do Inter, que desfez seu meio-campo e perdeu força com as saídas de Maurício, Aránguiz e Alan Patrick antes dos 30 minutos. O time de Ramón passou a jogar no ataque e, mesmo com o problema de elenco curto, encontrou soluções onde parecia não haver.
Jair e Erick Marcus entraram bem. Alex Teixeira ganhou sua terceira chance com Ramón. E aproveitou. O que parecia uma estratégia falida reacendeu São Januário. Depois de o time abusar de inúmeros cruzamentos sem resultado, o atacante de 19 anos cruzou na medida para belo cabeceio do camisa 7. Aos 38, o Vasco voltou para o jogo e teria ainda 14 minutos pela frente para tentar salvar a noite em São Januário.
Após o gol, o Vasco conseguiu botar pressão no Internacional, que já não tinha mais a qualidade de Alan Patrick para surpreender. O Colorado apenas se segurava nos minutos finais. E quase teve a festa estragada por Vegetti, que perdeu chance clara aos 44, ao se estranhar com a bola na área.
Aos 45, com 7 de acréscimos pela frente, Paulinho fez falta dura em Pedro Henrique, impedindo o contra-ataque do Inter. Expulso, o meio-campista prejudicou o bom momento do Vasco, que pressionava pelo empate e, mais que isso, a sequência do time, já que será desfalque no próximo domingo, às 16h, contra o Goiás, em jogo decisivo na briga pela permanência.
Erick Marcus ainda recebeu o segundo cartão amarelo antes do apito final e também não será opção. Ainda sem poder contar com Marlon Gomes e Rossi, Ramón terá dois dias para se virar antes de mais uma final, desta vez fora de casa. Além da mudança natural com o desfalque de Paulinho, a tendência é a de que o treinador faça novas alterações na estrutura do Vasco.
– Agora temos confrontos diretos. Com o Goiás temos que duelar, temos que mostrar a hierarquia que tivemos nesses dois jogos. Temos que manter a tranquilidade, competir, nos prepararmos bem rapidamente e se recuperar rápido. É uma partida decisiva. Nós replanejaremos a equipe que vai jogar porque precisamos fazer os pontos – adiantou Ramón.
Fonte: ge