Numa partida emocionante, o Vasco derrotou o Red Bull Bragantino por 2 a 1 nesta quarta-feira à noite, em São Januário, com gols de Paulinho e Serginho, um em cada etapa, enquanto Léo Ortiz descontou. Este resultado assegurou a permanência do time carioca na elite do futebol brasileiro.
No apito final, os jogadores demonstraram muita emoção em campo, porém, nas arquibancadas, houve protestos contra a diretoria do Vasco. O treinador Ramón Díaz, símbolo da reviravolta que manteve o clube em primeira divisão, mostrou sua emoção, jogando o blazer para os torcedores, comemorando e batendo na mesa, reforçando a necessidade de uma mudança de postura por parte do clube daqui para frente.
– O Vasco é um gigante. Não deveria jamais passar por situações como essa novamente. Precisa ter a mentalidade de um time grande – destacou o técnico vascaíno, tendo ao seu lado seu filho e auxiliar Emiliano, e o diretor de futebol Paulo Bracks.
Antes mesmo de responder a primeira pergunta na coletiva, o treinador argentino mencionou sua experiência anterior frustrada no Brasil, quando foi contratado pelo Botafogo em 2020, porém não pôde trabalhar devido a questões de saúde. Ele mencionou seu desejo de treinar novamente no país, considerando-o uma das ligas mais importantes do mundo.
Quando questionado sobre sua continuidade no comando até 2024, o técnico preferiu focar na comemoração pela vitória e deixou essa questão para ser discutida posteriormente. Ele respondeu da mesma forma ao ser questionado sobre o planejamento para o próximo ano.
– Estamos muito felizes com o que conquistamos. Neste momento, estamos desfrutando dessa conquista e depois vamos tomar decisões – afirmou Díaz antes de abordar a questão dos reforços.
– Não é o momento para isso. Agora é hora de aproveitar. Mais adiante vamos ver sobre isso.
O Vasco encerrou sua participação no campeonato na 15ª colocação, à frente de Bahia e Santos, sendo que este último foi rebaixado pela primeira vez para a Série B, juntando-se a Goiás, Coritiba e América-MG. O time carioca somou 45 pontos na tabela.
O treinador lamentou o fato de a equipe não ter se livrado do risco de rebaixamento anteriormente e definiu o trabalho no clube como um dos mais desafiadores de sua carreira.
– Os jogadores foram os verdadeiros protagonistas disso tudo. Eles tiveram uma mudança de mentalidade nos treinamentos, no trabalho. Eles realmente queriam superar as dificuldades que enfrentaram no primeiro turno. Eles foram fundamentais nos últimos dias. Minha equipe de trabalho também soube transmitir aos mais jovens a mentalidade necessária. Eles tiveram que se ajustar ao treinamento e à mentalidade do treinador, cientes de que o momento era difícil. Nós íamos lutar até o fim. Faltando sete ou oito minutos, o Vasco estava sendo rebaixado, pois o Bahia estava vencendo e o Santos empatando, assim como nós. Mas, devido ao caráter do treinador, tanto eu quanto o Emiliano, o preparador físico, os dirigentes, tivemos a mentalidade de lutar – comentou o treinador argentino, relembrando quando assumiu o clube com apenas nove pontos.
– Se conseguimos conquistar o que conquistamos, foi devido à mentalidade de que tudo é possível. Os jogadores foram peças fundamentais nisso. Dizíamos que o Vasco não seria rebaixado e cumprimos essa promessa. Nós, a comissão técnica, os jogadores, colaboradores, por isso nos sentimos orgulhosos – destacou Ramón Díaz.
Confira mais da coletiva de Ramón Díaz
De onde veio o otimismo?
– O que posso dizer é que são quase 27 anos como técnico. Este foi um desafio significativo para mim e minha equipe. Queríamos mostrar que poderíamos trabalhar no Brasil. Esta positividade e mentalidade foram transmitidas para que pudéssemos alcançar e realizar. Eu e minha equipe devemos agradecer muito aos jogadores, que são os verdadeiros protagonistas. Cada partida era crucial para o Vasco. Não poderíamos perder, mesmo nos jogos em que não poderíamos deixar escapar pontos. Os verdadeiros protagonistas são os jogadores, e tenho que agradecer a eles.
Maior desafio da carreira?
– É um dos maiores desafios. Se olharem para os números, já tivemos situações semelhantes antes. Na Arábia Saudita, estávamos 16 pontos atrás do líder e terminamos como campeões, com cinco pontos à frente. Isso é mais ou menos parecido. Começamos com 9 pontos e hoje as pessoas estão comemorando, este é outro desafio extremamente importante em nossa carreira: cumprir o objetivo de evitar o rebaixamento do Vasco. É uma conquista incrível para nós, e por isso devo agradecer aos jogadores. Sem eles, teria sido muito difícil. Eles fizeram um trabalho incrível. Temos que aproveitar este momento tão difícil que vivenciamos, e eles também.
Impacto dos reforços Payet e Serginho
– Todos os reforços que chegaram foram jogadores essenciais e com características que não tínhamos ao longo do campeonato. Todos os jogadores se comportaram muito bem. Aqueles que chegaram se adaptaram rapidamente e se encaixaram no sistema do grupo. Os jogadores também entenderam isso e foram todos extraordinários juntos.
Quatro meses que pareceram quatro anos
(Emiliano Díaz) – Meu filho tem 9 anos e está completamente envolvido com o Vasco, e isso contagiou a todos. Fomos recebidos de uma maneira em que acreditamos no trabalho, acho que a paixão é por isso. Vivemos um período difícil nos últimos quatro meses que pareceram quatro anos. Foi o mais desafiador que enfrentamos juntos.
(Ramón) – Este clube me deu a oportunidade de vir ao Brasil, ter uma das ligas mais competitivas do mundo. É necessário manter o foco desde o início. Aqui somos colocados à prova.
Serginho como herói
– Ele já havia jogado pela esquerda contra o Fluminense. No último jogo, atuando na esquerda, eu gostei muito. Ele possui muita capacidade e controle. Eu disse a ele para ter confiança, calma e ser incisivo, pois era isso que precisávamos. Ele sempre trabalhou e eu lhe dei a oportunidade de jogar hoje.
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Fonte: ge