Eurico Miranda é uma figura que desperta emoções conflitantes naqueles que acompanharam pelo menos uma parte das últimas quatro décadas do futebol brasileiro e carioca. Explosivo, com atuação intensa nos bastidores e um orador marcante, deu início e fim à sua carreira como dirigente no Vasco, onde presidiu em dois períodos (2001 a 2008 e 2014 a 2018). Lá, conquistou poder, aliados, opositores e dividiu opiniões entre a torcida. “A garra do Eurico”, série documental do Globoplay, estreará na próxima segunda-feira, e tem o desafio de narrar a história de uma figura tão complexa.
Sob a direção de Rafael Pirrho, a série de cinco episódios apresenta depoimentos dos quatro filhos de Eurico, dos dois irmãos e da viúva, revelando os bastidores da vida íntima eclipsada pela figura do dirigente.
— No primeiro episódio, ao abordarmos a história da garra de Eurico, explicamos o título e narramos um momento marcante. A manchete do GLOBO de 1969 é o primeiro momento em que o nome de Eurico aparece na imprensa, em uma votação a favor do impeachment de Reynaldo Reis. Eurico o apoiava e era um membro do baixíssimo clero. Reynaldo estava perdendo a votação, as luzes se apagaram e o GLOBO estampou essa manchete — explica Pirrho.
No primeiro episódio, um tempo especial é dedicado a contar a biografia da família. Filho de um comerciante e imigrante português, Eurico enfrentou o suicídio do pai e conseguiu se destacar em meio às dificuldades de integração na comunidade portuguesa no Brasil. Anos mais tarde, conquistou espaço no Vasco como diretor de cadastro e assessor pessoal do presidente Alberto Pires, no início dos anos 1980.
A série aborda momentos e características que definiram a figura de Eurico, que faleceu em 2019. São relatados episódios como o aumento do poder e influência no clube, os títulos conquistados como dirigente de futebol nos anos 1990, a controversa parceria do Vasco com o Nations Bank e o surgimento do mito do charuto.
— As opiniões sobre Eurico continuam sendo extremas e passionais até hoje. Alguns o detestam e acreditam que é responsável por todos os males do Vasco, enquanto outros acham que foi o maior dirigente do futebol brasileiro. Não queremos convencer ninguém a mudar de opinião, esse não é o nosso objetivo. Queremos apenas apresentar a história completa — conclui o diretor.
Fonte: O Globo