Diniz, que está sem clube desde sua saída do Cruzeiro em janeiro deste ano, vê com bons olhos a oportunidade de retornar ao Vasco sob a liderança de Pedrinho. Contudo, ele precisaria fazer concessões financeiras para que um acordo fosse possível.
No final da temporada passada, Pedrinho já havia expressado a dificuldade em encontrar um treinador adequado, devido às limitações financeiras do clube.
— Achar um treinador que corresponda ao que penso em futebol, considerando o que existe no mercado e o orçamento do clube, é complicado. Não sei se conseguirei encontrar alguém que jogue como imagino que o Vasco deva jogar. Estamos analisando alguns perfis e esperamos que tudo se encaixe — disse ele.
O tom pessimista do dirigente indica que a escolha de Carille, que é conhecido por seu estilo mais defensivo, não era a favorita.
A busca por Diniz evidencia uma mudança de estratégia em direção a um time mais ofensivo. Para suportar esse estilo, a diretoria pretende reforçar o elenco na próxima janela de transferências, contando com um respiro financeiro após a recuperação judicial do clube, aprovada pela Justiça do Rio de Janeiro em fevereiro. Isso poderia ajudar a reduzir dívidas e aumentar a credibilidade do clube no mercado.
Essa melhora financeira pode permitir que o Vasco ofereça valores mais próximos aos que Diniz e sua comissão técnica costumavam receber, que, desde sua passagem pelo Fluminense, giram em torno de R$ 1 milhão por mês—mais do que o dobro do salário de Carille.
Convencê-lo sobre a possibilidade de novos reforços durante o meio do ano poderá facilitar as negociações. Contudo, a liminar que afastou a 777 Partners do controle da SAF e atualmente está sob a administração do clube associativo pode criar inseguranças jurídicas e dificultar a escolha do novo técnico. Diniz deposita sua confiança em um eventual acerto com Pedrinho, que perderia influência caso haja uma reviravolta inesperada no caso.
Outros nomes que estavam na “lista ideal” incluem o português Luís Castro, ex-Botafogo, e Tite, que estava prestes a fechar com o Corinthians, mas anunciou recentemente uma pausa na carreira por questões de saúde mental. O argentino Ramón Díaz, que saiu do time paulista, foi inicialmente descartado devido a sua saída conturbada do Vasco no ano passado, que resultou em uma ação judicial. Outro treinador disponível é o português Pedro Caixinha, demitido do Santos. O clube teve conversas com ele, que causaram uma boa impressão, mas no momento, ele deve ser cauteloso ao considerar novas propostas. A efetivação de Felipe Loureiro também não está afastada.
Passagem difícil em São Januário
Diniz sempre gerou reações mistas entre os torcedores, e sua passagem pelo Vasco não foi uma exceção. Se ele voltar a comandar a equipe, será a segunda vez que assume o cargo. Em 2021, Diniz esteve à frente em apenas 12 partidas, obtendo quatro vitórias, três empates e cinco derrotas na Série B, onde o clube não conseguiu o acesso.
O seu trabalho mais destacado ocorreu no Fluminense, entre 2022 e 2024, onde conquistou títulos como a Libertadores e o Campeonato Carioca em 2023, além da Recopa em 2024. Também atuou como treinador interino da seleção brasileira, mas sua passagem foi breve e sem grandes resultados, com apenas duas vitórias em seis partidas (uma vitória, um empate e três derrotas). Pelo Cruzeiro, alcançou a final da Sul-Americana em 2024, mas não sobreviveu a um mau início de Campeonato Mineiro deste ano.
— Diniz é um treinador que, ao longo da carreira, escolheu manter poucos jogadores e trabalhou geralmente com aquilo que tinha. Em muitos casos, conseguiu melhorar o desempenho dos atletas, mas em outros lugares, não teve o mesmo sucesso. Por ser um técnico que gosta de ter a posse da bola desde a defesa, o Vasco possui zagueiros que podem se adaptar ao seu estilo. Porém, isso pode ser uma dificuldade para os volantes, o que poderia beneficiar jogadores como Philippe Coutinho — analisa Rodrigo Coutinho, comentarista do Grupo Globo.
Diante do “estilo de jogo peculiar” de Diniz, Coutinho não acredita que ele possa simplesmente assumir o legado deixado por Carille, uma vez que começaria tudo do zero. Desde 2021, Diniz tem buscado mais variações táticas para equilibrar as equipes que comanda. A nova era do Vasco, sob a gestão de Pedrinho, pode ser mais uma chance para que o técnico supere a sua irregularidade.
Fonte: Extra