O dirigente estava sob constante escrutínio – tanto da torcida quanto dos acionistas e da diretoria executiva. A crítica principal recaía sobre suas escolhas de jogadores indicados à SAF para contratação ou renovação, que era sua responsabilidade principal.
Envolvimento com empresários
As principais queixas referiam-se à significativa influência do empresário André Cury em diversas negociações. Antes de ser demitido, Mattos foi questionado pela SAF acerca da sua relação com o agente.
Como resultado dessa pressão, houve a contratação do atacante David, a renovação do empréstimo de Praxedes, a chegada e permanência possível de Medel, e outros jogadores que a 777 desaprovou.
O momento mais delicado ocorreu quando Mattos e Cury tentaram trazer Breno Lopes, do Palmeiras, mas a 777 e Ramon Díaz vetaram.
A alternativa foi Pedro Henrique, do Internacional, de 33 anos, também representado por Cury. O treinador queria André Silva, vindo de Portugal, mas essa opção ficou em espera. Quando o Vasco foi atrás, o São Paulo se antecipou.
Vale ressaltar que Cury foi fundamental para a contratação do técnico Ramon Diaz e que a renovação, que obteve aprovação unânime, ocorreu durante a gestão de Alexandre Mattos, sem questionamentos.
Falta de autonomia
O grupo da SAF composto por Don Dransfield, Johannes Spors, Nicolas Maya, Joshua Wanders e o CEO Lucio Barbosa passou a monitorar atentamente todas as movimentações de mercado feitas por Mattos.
No âmbito da presidência, a supervisão também existia, embora de forma mais distante, pois, apesar de estarem de olho, era complicado controlar as ações da SAF. O diretor tinha consciência de que estava sendo vigiado e tentava deixar claro nos bastidores que precisava de independência para exercer suas funções.
A falta de liberdade foi uma fonte de incômodo desde o início. Mattos fazia questão de ressaltar que o processo de contratações era moroso por causa da 777, não por sua culpa. Ele argumentava que apresentava soluções de mercado.
No entanto, a empresa não apenas vetava alguns nomes, como impunha sua própria forma de gerenciar o futebol e as finanças do Vasco, com protocolos bem definidos. Isso era diferente do que Mattos estava acostumado.
A relação foi se desgastando ao longo do tempo e, com a eliminação no Campeonato Estadual, chegou a um ponto irreversível. Tanto para o Vasco quanto para Alexandre Mattos, seu afastamento era inevitável.

Fonte: Blog Diogo Dantas – O Globo