Um time que ocupava a penúltima posição do Brasileirão, com somente nove pontos em 14 rodadas e com o estádio fechado pela Justiça há quase um mês, além de uma torcida revoltada com o fracasso em um ano de grandes investimentos. Essa foi a situação com a qual Ramón Díaz e sua equipe técnica se depararam ao assumir o Vasco, acordo anunciado no dia 15 de julho. Os dois meses de trabalho desde então transformaram completamente a situação: a desesperança deu lugar à esperança de escapar do rebaixamento, e uma das piores campanhas do primeiro turno do Brasileirão agora se tornou uma “campanha de G4” considerando somente o segundo turno.
Já são três vitórias, dois empates e três derrotas em oito partidas sob o comando do técnico argentino. Um aproveitamento de 45,8%, o suficiente para melhorar a luta contra a queda. Atualmente, com 20 pontos, o Vasco está em 18º lugar, a apenas cinco pontos do primeiro time fora da zona de rebaixamento, e com um jogo a menos.
A recuperação envolve fatores como reforços, um estilo de jogo mais competitivo, uma melhora na capacidade de reação do time, a “recuperação” de jogadores no elenco e o apoio da torcida, disposta a fazer valer o slogan de “time da virada”, entoado ao final da vitória de 4 a 2 sobre o Fluminense no último sábado.
Confira as mudanças no Vasco nos últimos dois meses:
Reforços
Os dois primeiros gols do Vasco no clássico de sábado foram marcados por reforços que chegaram no segundo semestre (Praxedes e Vegetti). Desde a chegada de Ramón Díaz, seis dos nove gols foram marcados por esses reforços: quatro de Vegetti, um de Praxedes e um de Serginho. Os outros três foram feitos por Gabriel Pec, um dos jogadores mais consistentes da equipe nesta temporada.
O impacto dessas contratações não se limita aos gols marcados. Paulinho e Medel se tornaram peças importantes para o trabalho da comissão técnica, trazendo intensidade e dinamismo na defesa e no meio-campo. Maicon e Rossi, que chegaram como jogadores experientes, mas inicialmente com menos chances de titularidade, também têm desempenhado papéis importantes nesta fase da temporada. A contratação mais impactante da janela, Payet, tem contribuído com boas atuações quando entra em campo.
Resiliência
Entre maio e junho, o Vasco sofreu uma sequência de seis derrotas consecutivas sem sequer marcar um gol. A capacidade de aumentar a confiança e reverter resultados inicialmente negativos tem sido construída pouco a pouco pela equipe cruz-maltina, em um trabalho conjunto entre jogadores, comissão técnica e departamento de futebol. Contra o Bahia, a equipe já demonstrou uma evolução significativa no segundo tempo e conquistou um empate. Contra o Fluminense, o time não se abalou ao sofrer dois gols no segundo tempo, empatando a partida duas vezes, sendo um deles logo aos 20 segundos.
“Precisamos trabalhar bastante para acalmar a equipe, que está sob muita pressão. Precisamos de tempo e trabalho”, diagnosticou Ramón Díaz após a derrota para o Corinthians, seu segundo jogo no comando.
Recuperação de jogadores
Destaque no clássico, o volante Zé Gabriel é um exemplo de jogadores que têm retomado o bom momento após a chegada da nova comissão técnica. Robson Bambu, zagueiro que chegou a estar fora dos planos, ganhou novas oportunidades e teve boas atuações improvisado na lateral direita. Na mesma posição, Pumita Rodríguez, um dos destaques do time no estadual, busca uma segunda metade de temporada positiva. No sábado, ele iniciou a jogada do quarto gol com um ótimo cruzamento.
Alterações táticas
A troca de comissão técnica coincidiu com as contratações do Vasco. Ofensivamente, o time passou a ser menos previsível e sofre menos defensivamente. Paulinho, Medel, Praxedes e Zé Gabriel se tornaram uma espinha dorsal importante nas funções defensivas, na transição e também na última jogada ou finalização.
No entanto, a mudança tática mais significativa é o papel dos pontas. Agora, as obrigações criativas não recaem apenas sobre eles. O Vasco constrói jogadas pelas laterais desde a defesa e permite que os jogadores de lado tenham mais liberdade para buscar a área e confundir a marcação adversária, abrindo espaço nos corredores. Esse padrão de jogo também é beneficiado pela presença e movimentação inteligente de Vegetti, um atacante de referência.
Apoio da torcida
A torcida cruz-maltina percebeu as mudanças e abraçou o time. Em campanhas para reabrir São Januário, os torcedores lotaram o Maracanã e o Nilton Santos para apoiar a equipe. Nesta quinta-feira, contra o Coritiba, eles terão a chance de se encontrar novamente na Colina, um caldeirão que pode empurrar o Vasco para a frente.
“Sempre disse que jogar com o apoio da torcida é muito importante e agora, que vamos jogar em nossa casa, será ainda melhor. Vamos aumentar a pressão”, disse Díaz após o clássico.
Fonte: Extra
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